A República Tcheca autorizará médicos de clínica geral a prescrever cannabis medicinal para dores crônicas a partir de 1º de abril de 2025.

A decisão veio após uma forte campanha de grupos de defesa de pacientes e profissionais de saúde. Atualmente, apenas 8.000 pacientes no país fazem uso legal da cannabis medicinal, embora pesquisas indiquem que mais de um milhão de pessoas utilizam de forma medicinal, muitas vezes recorrendo ao cultivo caseiro.

A cannabis medicinal é legal na República Tcheca desde 2013, mas apenas especialistas têm permissão para prescrevê-la. Isso limita o acesso, já que apenas 200 médicos estão autorizados a prescrever medicamentos à base de cannabis.

Obstáculos administrativos e financeiros

A reforma visa reduzir a burocracia para médicos e pacientes. Com as novas regras, as receitas poderão ser emitidas por um período de até três meses, em vez do limite atual de um mês.

No entanto, as dificuldades financeiras permanecem. O seguro cobre 90% do custo de até 30 gramas de cannabis por mês, mas muitos pacientes encontraram detalhes muito maiores. Pacientes com doenças como esclerose múltipla, por exemplo, podem precisar de 90 gramas por mês, o que os obriga a arcar com custos significativos. Com o preço da cannabis em torno de 200 CZK (8 euros) por grama, os custos tornam-se proibitivos para muitos. 

Desafios e expectativas para o futuro

Lukas Hurt, editor da revista Konopi e gerente do cluster de cânhamo CzecHemp, comentou ao Cannabis Health: "É evidente que o número de médicos prescrevendo é o maior obstáculo para o aumento no número de pacientes e no acesso ao programa de cannabis medicinal na República Tcheca”.

Ele também destacou a longa luta enfrentada contra a resistência do Ministério da Saúde, que inicialmente se opôs ao progresso na área. “Embora não tenhamos conseguido tudo o que queríamos, esta é uma notícia muito positiva”, acrescentou.

A CzecHemp continua a defender outras mudanças legislativas, incluindo a possibilidade de prescrever medicamentos à base de cannabis para crianças com doenças graves, como câncer e epilepsia.