Resíduos de cannabis podem virar pesticidas biológicos para olivais
Cientistas portugueses querem transformam subprodutos da planta em solução ecológica para combater fungos e bactérias
Publicada em 01/10/2024
Pesticida é uma substância ou mistura que impede, destruir ou repela pragas em plantações, animais ou humanos | Imagem: Vecteezy
Cientistas portugueses estão desenvolvendo um projeto pioneiro que transforma resíduos da produção de cannabis medicinal em pesticidas ecológicos para combater doenças em oliveiras. Liderado pelo laboratório InnovPlantProtect em parceria com a Universidade Nova de Lisboa, o projeto tem como objetivo substituir pesticidas tradicionais por alternativas biológicas e sustentáveis, utilizando compostos extraídos das partes descartadas da planta, como folhas, caules e raízes.
A iniciativa, batizada de ValorCannBio, foi uma das vencedoras do Programa Promove da Fundação “La Caixa” e deve receber até 150 mil euros de financiamento. Esse investimento será utilizado para o desenvolvimento de biopesticidas que possam controlar fungos e bactérias que afetam a produção de azeitonas, como o Colletotrichum, causador da gafa, e a bactéria Pseudomonas savastanoi, responsável pela tuberculose da oliveira.
Os compostos bioativos serão extraídos com o uso de solventes verdes, uma técnica inovadora e sustentável que evita o uso de produtos químicos tóxicos. Segundo Ana Rita Duarte, investigadora do Laboratório de Química Verde da Universidade Nova de Lisboa, o processo de extração é semelhante ao preparo de um chá, no qual se utilizam solventes naturais para extrair as propriedades desejadas da planta. “Queremos saber se esses compostos podem atuar como pesticidas biológicos, ajudando a proteger as oliveiras de doenças graves”, afirma a pesquisadora.
Além de contribuir para preservação ambiental, o projeto tem o potencial de criar uma nova cadeia de valor ao aproveitar resíduos da indústria de cannabis, que normalmente seriam descartados. Isso alinha o projeto com as metas europeias de reduzir o uso de pesticidas químicos em 50% até 2030.
Com essa abordagem, o projeto promete inovar no setor agrícola e impulsionar a produção sustentável de azeite em Portugal, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a economia.