A Tailândia deve reclassificar a cannabis como narcótico apenas três anos após se tornar um dos primeiros países da Ásia a descriminalizar o uso recreativo da planta. A decisão marca uma mudança radical na política de drogas do país e ameaça um setor que vinha movimentando cerca de US$ 1 bilhão (€ 860 milhões).

A recriminalização é assunto a mais de um ano, quando o na época, primeiro-ministro da Tailândia, Srettha Thavisin, declarando que a maconha seria novamente classificada como narcótico. A declaração logo teve uma reviravolta, afastando os rumores, agora presentes novamente. 

Por que a Tailândia está recriminalizando a cannabis?

A reviravolta ocorre em meio a uma divisão na coalizão governista, com o governo buscando restringir o uso recreativo da cannabis e reafirmar seu uso exclusivamente medicinal.

Desde que a planta foi removida da lista de narcóticos, em 2022, não houve a implementação de uma estrutura regulatória clara. Esse vácuo permitiu a abertura de dezenas de milhares de lojas — muitas delas em áreas turísticas populares — e um crescimento desordenado do mercado.

Segundo o porta-voz do governo, Jirayu Houngsub, o modelo desregulado gerou problemas sociais, principalmente entre os jovens.

“A política deve retornar ao seu objetivo original de controlar a cannabis apenas para uso medicinal”, declarou.

Disputa política acelerou decisão

A recriminalização da cannabis na Tailândia também ocorre após a saída do Partido Bhumjaithai — antigo defensor da legalização — da base de apoio do primeiro-ministro Paetongtarn Shinawatra. A ruptura ocorreu em meio a críticas sobre a condução de Shinawatra em uma disputa de fronteira com o Camboja.

O que muda com a nova regulamentação?

Na noite de terça-feira (24), o Ministério da Saúde da Tailândia emitiu uma ordem que proíbe a venda de cannabis recreativa e exige receita médica para qualquer compra legal. As novas regras entram em vigor após publicação no Royal Gazette, prevista para os próximos dias.

“A cannabis será classificada como narcótico no futuro”, afirmou o Ministro da Saúde, Somsak Thepsuthin, ao jornal Bangkok Post.

A Câmara de Comércio Tailandesa estimava que o setor — incluindo os usos recreativo e medicinal — poderia movimentar US$1,2 bilhão até 2025. Com a recriminalização, essa projeção pode ser revista drasticamente.

Com informações de Dw