Com último decreto, Argentina tem chance de ser líder em cânhamo latino-americano

A estrutura regulatória argentina tem como objetivo transformar o cânhamo em uma parte central de sua indústria agrícola

Publicada em 23/08/2023

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Por Redação Sechat

A Argentina estabeleceu um limite de 1,0% de THC para o cânhamo industrial e implementou um sistema centralizado para administrar os setores de cânhamo e maconha medicinal, conforme as novas regras publicadas, publicou o portal Hemp Today. As regras, lançadas por decreto no Diário Oficial do governo em agosto, representam um avanço significativo para a Argentina, que busca se destacar na indústria do cânhamo na América Latina.

A legislação foi emitida após a aprovação de uma lei legalizando o cânhamo e a cannabis medicinal há mais de um ano. A estrutura regulatória argentina tem como objetivo transformar o cânhamo em uma parte central de sua indústria agrícola, substituindo setores em declínio, como o do tabaco, e impulsionando a inovação tecnológica e no desenvolvimento de produtos.

O governo acredita que a Argentina, devido a sua localização geográfica, histórico agrícola e economia voltada para commodities, é o lugar ideal na América Latina para desenvolver uma indústria sólida e sustentável de cânhamo. As novas regulamentações permitem que produtores licenciados comercializem produtos à base de cannabis e os exportem através da Agência Reguladora para a Indústria de Cânhamo e Cannabis Medicinal (ARICCAME), que servirá como uma entidade central de administração.

Enquanto a Argentina adota uma postura progressiva ao definir um limite de 1,0% de THC para o cânhamo, ultrapassando o limite globalmente aceito de 0,3%, as novas regras excluem a produção de CBD. No entanto, a ARICCAME trabalha para reforçar a pesquisa, a segurança do consumidor e a cooperação com entidades públicas e universidades, para reintroduzir o cânhamo no país e promover avanços tecnológicos.

O governo está focado em diversificar a produção em economias regionais, estabelecer cadeias produtivas sustentáveis e criar empregos de qualidade em toda a indústria do cânhamo, desde o cultivo até o consumidor final. O governo argentino está investindo em pesquisa e desenvolvimento, visando aproveitar os benefícios ambientais e econômicos do cânhamo.

Os usos permitidos incluem medicamentos humanos e veterinários, produtos nutricionais, cosméticos e industriais. A estratégia visa explorar o cânhamo em várias áreas, incluindo a produção de superalimentos, óleos, farinhas, proteínas, fibras para materiais de construção, têxteis, celulose e bioplásticos. O governo está apoiando testes de variedades de grãos e fibras para inclusão no catálogo oficial de sementes do país.

O Ministério da Ciência da Argentina planeja investir mais de US$ 106 milhões em projetos de pesquisa e desenvolvimento de cânhamo e cannabis, enquanto a Cannabis Conicet, uma empresa de tecnologia criada pelo governo no ano anterior, busca avançar nos setores de cânhamo industrial e cannabis medicinal.