Grande parte dos especialistas americanos em dependência química apoia a legalização da Cannabis medicinal

Embora os profissionais que tratam do uso indevido de drogas apoiem amplamente o valor medicinal da cannabis, eles também veem os riscos associados ao seu uso

Publicada em 27/10/2020

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Cerca de 93% dos americanos apoiam a legalização da Cannabis medicinal. Agora, graças a novas pesquisas, é possível saber que a grande maioria dos médicos especialistas no uso de drogas também.

Embora a maioria dos participantes concordasse que a Cannabis medicinal deveria ser legalizada e que seu uso responsável é seguro”, eles também acreditam que ela é frequentemente abusada e não foi estudada adequadamente.

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De modo geral, muitos profissionais médicos que tratam de transtornos por uso de substâncias (SUD) acreditam que a abstinência de drogas recreativas é a melhor prática. Este estudo, que foi publicado no ano passado no Journal of Substance Use, teve como objetivo obter uma melhor compreensão de onde eles se posicionavam sobre o uso medicinal da cannabis.

“Considerando que as atitudes negativas em relação aos pacientes, independentemente do motivo, podem resultar no término prematuro do tratamento e na pior qualidade do atendimento, parece importante entender as atitudes em relação à legalização da Cannabis medicinal entre os profissionais de tratamento de SUD”, escreveram os pesquisadores da Towson University em Maryland.

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Os participantes foram convidados a avaliar o quanto eles concordaram ou discordaram de 22 afirmações, incluindo:

- A cannabis é segura quando usada com responsabilidade para fins médicos.

- A Cannabis medicinal é frequentemente abusada.

- Um cliente pode estar em tratamento de transtorno por uso de substâncias enquanto usa Cannabis medicinal.

- A cannabis pode ajudar a reduzir os sintomas de abstinência

- Consumir cannabis em vez de outras drogas é apenas substituir um vício por outro.

- Eles também foram convidados a compartilhar sua história pessoal com a cannabis e se conheciam ou não alguém que havia usado ela para fins medicinais.

Um total de 966 clínicos de dependência completaram a pesquisa entre fevereiro e maio de 2018. Eles foram identificados por meio de conselhos de certificação profissional no Alasca, Kansas, Nebraska, Nova Jersey, Carolina do Norte, Rhode Island, West Virginia e Wisconsin.

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A maioria relatou ter usado cannabis (74%), conhecer pelo menos um paciente de Cannabis medicinal (73%), ou conhecer pacientes com problemas de dependência que usaram cannabis em sua recuperação (61%).

Além disso, a maioria dos entrevistados achava que a cannabis deveria ser legalizada para fins medicinais e que seu uso era seguro, embora apenas 38% tenham dito que "não é prejudicial à saúde." Já 64% disseram acreditar que a Cannabis medicinal é frequentemente usada de forma abusiva.

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Curiosamente, no entanto, muitos participantes concordaram que a cannabis (incluindo produtos que contêm o canabinoide CBD pode ajudar com os sintomas associados ao vício, como ansiedade e insônia. Enquanto 70% disseram que consumir cannabis é “trocar um vício por outro.” A maioria também achou que era aceitável para uma pessoa em tratamento SUD usar a planta.

Segundo os autores do estudo, no geral os resultados sugerem que os provedores de tratamento contra vícios têm opiniões divergentes sobre a legalização da Cannabis medicinal.

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Entre os fatores que pareceram influenciar as atitudes dos participantes em relação à ela estavam a idade - profissionais mais jovens eram mais abertos à ideia - experiência anterior com o consumo de cannabis para uso adulto e conhecimento pessoal de alguém que usou cannabis para fins terapêuticos. Os provedores na Costa Leste também viram a planta de forma mais favorável do que em outras partes do país.

“Essas atitudes mistas podem realmente refletir um ceticismo saudável”, concluem os pesquisadores. “Ou seja, se as tendências atuais continuarem, os profissionais de tratamento de vícios podem estar preparados para aceitar a legalização da Cannabis medicinal e lidar com quaisquer consequências negativas associadas.”

Fonte: Kimberly Lawson/Marijuana Moment