5 dicas essenciais para cultivar cannabis em ambientes internos
Aprenda como criar o ambiente ideal para o cultivo indoor e garantir plantas saudáveis e produtivas com orientações de um especialista no assunto
Publicada em 20/06/2025

Cannabis em ambiente interno. Imagem: Canva Pro
O cultivo indoor de cannabis — prática que consiste em plantar em ambientes fechados com controle de luz, temperatura e umidade — tem se tornado cada vez mais popular no Brasil. Isso se deve ao maior controle sobre o microclima e à segurança oferecida aos cultivadores, especialmente em centros urbanos, onde o cheiro e a exposição pública podem ser fatores delicados.

Entre os principais adeptos dessa modalidade estão pacientes que possuem Habeas Corpus para cultivo medicinal. Essa ferramenta jurídica garante proteção contra apreensões e prisões, permitindo que cultivem a planta que será transformada no seu próprio medicamento. Nesse cenário, o cultivo indoor surge como uma solução prática e segura.
Para ajudar quem está começando — ou deseja aperfeiçoar seu cultivo — o Portal Sechat conversou com Ricardo Hazin, engenheiro agrônomo e diretor-executivo da associação Aliança Medicinal, que destacou cinco pilares fundamentais para um cultivo interno bem-sucedido.
1. Escolha a variedade certa para o seu objetivo
Tudo começa com a genética. A escolha da cepa (ou strain) é decisiva para o sucesso do cultivo. Cada variedade possui características próprias, como resistência a pragas, adaptação ao ambiente e perfil de canabinoides (THC, CBD, entre outros).
“A predisposição genética daquela cepa define o máximo que ela pode entregar. Cabe ao cultivador criar o equilíbrio ideal no ambiente para que a planta atinja esse potencial”, explica Hazin. Ele recomenda o uso de sementes femininas, que são ideais para fins medicinais, evitando polinização indesejada por plantas masculinas.
2. Iluminação: o coração do cultivo indoor
A luz é o fator mais importante no cultivo em ambientes internos. O controle do fotoperíodo — a alternância entre luz e escuridão — determina o ciclo de vida da planta.
Durante a fase vegetativa, são recomendadas 18 horas de luz e 6 de escuridão. Na fase de floração, o padrão ideal é 12 horas de luz e 12 de escuridão. “É como se a planta percebesse a mudança de estação do ano. Quando o tempo de luz diminui, ela entende que chegou a hora de florescer”, detalha Hazin.
Dica do especialista: Lâmpadas LED com espectros ajustáveis são as mais recomendadas. Elas combinam luz azulada para a fase vegetativa e luz avermelhada para a floração. Alternativas mais antigas, como vapor metálico e vapor de sódio, ainda são utilizadas, mas consomem mais energia.
3. Ventilação e exaustão: respiração é vida
A circulação do ar é indispensável para manter a saúde das plantas. O sistema ideal combina:
- Ventilação interna: movimenta o ar no espaço de cultivo.
- Exaustão: promove a troca com o ar externo.
“As plantas consomem gás carbônico e liberam oxigênio. Se o ambiente não for renovado, o excesso de oxigênio pode prejudicar a fotossíntese”, alerta Hazin. Além disso, a ventilação ajuda a controlar a umidade e previne fungos, além de estimular o fortalecimento dos caules.
4. Umidade e irrigação: o equilíbrio perfeito
A umidade do ar e a irrigação precisam ser ajustadas conforme a fase da planta:
- Mudas jovens: preferem mais umidade no ar e menos água nas raízes.
- Plantas adultas: exigem menos umidade no ar e mais irrigação no solo.
“Os estômatos, poros presentes nas folhas, fazem essa troca. Se o ambiente estiver muito seco ou muito úmido, a planta sofre”, afirma Hazin. Ele recomenda não encharcar o solo e garantir que o ambiente tenha impermeabilização, para evitar danos em caso de vazamento.
5. Controle de temperatura: estabilidade é a chave
O clima deve simular as condições ideais da natureza. A temperatura ideal varia entre 21°C e 27°C.
“No calor extremo, aumentam os riscos de doenças e a planta pode travar. No frio, o metabolismo desacelera”, explica Hazin.
Durante o período de luz, as próprias lâmpadas aquecem o ambiente. Já nas horas de escuridão, especialmente em regiões frias, o uso de aquecedores pode ser necessário.
Dica bônus: a planta também merece equilíbrio
Como dica bônus, o especialista indica: respeitar as necessidades básicas da planta. “Da mesma maneira que a cannabis traz para o ser humano um equilíbrio, é necessário devolver isso para ela, permitindo uma vida saudável.”
Hazin aponta a necessidade de caprichar em todos os aspectos, mantendo um equilíbrio entre os cinco pontos acima, visando garantir um bom cultivo e uma planta que entregue um produto de qualidade.
Cannabis em Pauta:
Durante o 4º Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal, que ocorreu este ano em São Paulo, Ricardo apresentou o método de cultivo em contêineres climatizados utilizado pela associação, que produz cerca de dois mil frascos de óleo de cannabis mensalmente em Olinda, Pernambuco. Confira a entrevista: