Cultivo Indoor: a possibilidade de criar as condições ideais para o crescimento da cannabis
O cultivo interno se popularizou não apenas para superar climas desfavoráveis, mas também como uma solução de manter a produção em locais onde a cannabis enfrenta restrições legais
Publicada em 27/02/2025

Imagem: Lucas Schmidt | Arquivo pessoal
O cultivo indoor, também chamado de cultivo doméstico, consiste em cultivar cannabis em ambientes fechados, utilizando luzes artificiais e controle de temperatura para criar as condições ideais de crescimento. Essa prática vem ganhando destaque, entre os cultivadores, devido a vários fatores, como melhor controle do clima, umidade e outros fatores.
De acordo com o empresário e fundador da Cultiva Growshop, Lucas Schmidt, o cultivo interno se popularizou não apenas para superar climas desfavoráveis, mas também como uma solução de manter a produção em locais onde a cannabis enfrenta restrições legais.

Vantagens do cultivo indoor
No ambiente controlado, a planta pode crescer de forma acelerada, beneficiando-se de técnicas como poda apical e "lollipopping", que removem galhos inferiores e promovem um desenvolvimento mais uniforme, maximizando o rendimento, mesmo em espaços limitados.
Além disso, o cultivador pode ajustar temperatura, umidade, ventilação e luminosidade, prevenindo fatores que melhorem o desenvolvimento da planta. o ambiente fechado minimiza a exposição a práticas comuns no cultivo ao ar livre, o que aumenta a qualidade e segurança da produção.
A combinação de um ambiente estável e técnicas de manejo permite colheitas durante todo o ano e maior rendimento do cultivo.
Parâmetros técnicos e ambientais

Bruno Rezer, coordenador de cultivo da Associação Canábica Medicinal (ASCAMED), explica que a temperatura ideal varia entre 23°C e 34°C, e a umidade deve ser monitorada atentamente. Segundo Rezer, níveis altos de umidade favorecem fungos, enquanto níveis baixos podem comprometer o desenvolvimento.
Além disso, a escolha do substrato e a nutrição adequada são cruciais. O substrato pode variar entre solo vivo, orgânico, inerte ou sistemas hidropônicos, e é essencial manter o pH da água e do solo.
Durante a fase vegetativa, as plantas exigem mais nitrogênio, fósforo e cálcio, enquanto na fase de floração, há uma maior necessidade de fósforo, potássio, magnésio, cálcio e boro. "A suplementação mineral, quando feita de acordo com cronogramas e dosagens corretas, potencializa o crescimento e a saúde das plantas", diz Rezer.
Desafios e medidas preventivas
Apesar das vantagens, o cultivo interno enfrenta desafios, como a falta de resistência natural a pragas, o que pode facilitar ataques. Defensivos orgânicos, como calda bordalesa, óleo de neem e produtos biológicos como Trichoderma harzianum, aliados a uma vigilância constante do estado da planta são indispensáveis para conter as pragas.
Sinais de estresse, como mudanças na coloração das folhas e caules, também são indicadores de problemas. Mas, identificados precocemente, o cultivador pode agir rapidamente, realizando ajustes. “Cada estresse tem uma resposta diferente”, afirma Bruno, destacando a importância de um manejo preventivo para evitar problemas maiores.
Custo-benefício
Embora o cultivo ao livre se beneficie da luz solar gratuita, ele é mais suscetível às variações climáticas. O cultivo indoor, por outro lado, exige um investimento inicial mais alto, mas garante maior controle ambiental, permitindo colheitas o ano inteiro.
Por exemplo, uma estufa de 60x60x160 cm com placa quântica LED pode custar cerca de R$1.500, com gastos de energia variando entre R$45 e R$55 por mês, conforme explica Lucas.
Estruturas mais sofisticadas exigem um investimento inicial mais elevado e podem gerar maiores gastos de energia. Porem, na "ponta do lápis", o investimento compensa, chegando a uma economia de até R$1.000 mensais.
Para alcançar o potencial agronômico máximo, é necessário criar um ambiente que simule as condições naturais ideais da planta. Como Bruno Rezer bem coloca: “É como oferecer a alguém uma cama confortável, boa alimentação e descanso adequado – isso faz toda a diferença na produtividade”.