Primeira fazenda urbana de Cannabis do Brasil aposta no cultivo em contêineres climatizados
Aliança Medicinal produz cerca de dois mil frascos de óleo de cannabis mensalmente em Olinda, Pernambuco
Publicada em 14/01/2025
Imagem: Divulgação Aliança Medicinal
A primeira fazenda urbana de Cannabis sativa para fins medicinais no Brasil está localizada em Olinda, Pernambuco. A Aliança Medicinal está em processo de expansão para atender à crescente demanda pelo óleo medicinal. Em 2024, 672 mil pessoas no país utilizaram tratamentos à base de Cannabis, um aumento significativo de 56% em relação ao ano anterior.
Uma das principais inovações que têm impulsionado o crescimento da entidade é o método de cultivo em contêineres climatizados, desenvolvido pelo engenheiro agrônomo e diretor executivo da entidade, Ricardo Hazin. Esse sistema patenteado simula o ambiente ideal para o desenvolvimento das plantas, permitindo uma produção crescente, eficiente e sustentável. Hazin, explica que o cultivo controlado garante a qualidade da matéria-prima usada na produção de óleos medicinais.
De acordo com Hazin, a reprodução das plantas ocorre por clonagem, feita a partir de um material vegetal que permanece 25 dias no 'berçário', onde desenvolve o sistema radicular até se tornar uma muda. "Depois, a planta é transplantada para o contêiner de desenvolvimento, onde passa pelos estágios de crescimento vegetativo e floração, onde são formados os tricomas, pequenas glândulas que concentram os canabinoides substâncias medicinais necessárias para a produção dos medicamentos no nosso laboratório”, explica o engenheiro agrônomo.
Para melhor desenvolver os processo, os contêineres são climatizados e dotados de sistemas que controlam o fotoperíodo e intensidade luminosa, temperatura, umidade e circulação do ar, além de uma solução de nutrientes. O resultado é a simulação do ambiente ideal para obter plantas com a qualidade exigida na produção de medicamentos.
Origem e propósito da Aliança Medicinal
A entidade nasceu de uma história de superação. Helída Lacerda, presidente da Aliança Medicinal, iniciou o cultivo da Cannabis em casa para salvar seu filho Antonny, que sofria de epilepsia refratária e apraxia progressiva, com até 80 convulsões diárias. Hoje, aos 21 anos, Antonny está estável e passa meses sem crises, graças ao óleo de Cannabis que sua mãe aprendeu a produzir.
Atualmente regulamentada pela Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária), a Aliança Medicinal cultiva Cannabis sativa e produz óleos medicinais à base de THC (tetrahidrocanabinol) e CBD (canabidiol). A entidade atende cerca de nove mil associados, oferecendo tratamento a pacientes que não podem arcar com os altos custos de produtos similares.
Acesso pelos Sus e expansão da capacidade
A criação da Lei 18.757/2024, em Pernambuco, possibilitou o fornecimento de medicamentos à base de Cannabis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), facilitando o acesso dos pacientes ao tratamento em todo o estado.
Para atender à demanda crescente, a Aliança Medicinal está planejando uma expansão significativa de sua capacidade de produção. Segundo Ricardo Hazin, a expectativa é que, em dois anos, a produção mensal de óleo medicinal passe dos atuais dois mil para 15 mil frascos, ou até mais, dependendo das necessidades.