O ar que o mercado brasileiro de cannabis respira é feito de um paradoxo: otimismo e frustração. De um lado, o potencial de um setor bilionário que pode revolucionar o agronegócio e a saúde. Do outro, uma inércia regulatória que adia propósitos e oportunidades. Foi nesse cenário de "point break" que o Deusa Cast promoveu um de seus debates mais importantes, reunindo um time que tem ajudado a colocar a cannabis no centro da atenções: a jornalista e psicóloga Luiza Silveira, o consultor e especialista em inovação Marcelo Grecco, e o consultor de negócios Jaime Ozi. 

O resultado não é apenas um resumo do cenário atual, mas um diagnóstico contundente dos desafios que impedem o Brasil de assumir seu protagonismo. O episódio completo é uma aula magna sobre os próximos passos da cannabis, mas a análise dos especialistas já acende um alerta fundamental.

O Preço da Espera: A Regulamentação que Não Vem

O estopim da conversa foi o recente adiamento da regulamentação do cultivo pelo STJ. Para os especialistas, a decisão, embora decepcionante, é sintoma de um problema mais profundo. Jaime Ozi classifica a barreira como "ideológica e política", um entrave que custa caro. Enquanto outros países avançam, o Brasil perde a chance de desenvolver tecnologia, gerar empregos e, acima de tudo, garantir o acesso a tratamentos de forma mais barata e eficiente.

Mas o que, na prática, o Brasil deixa de ganhar a cada dia de atraso? Marcelo Grecco adverte que a questão vai além do plantio. "Estamos atrasando a criação de toda uma cadeia produtiva. O mercado não vai nascer pronto no dia seguinte à legalização", explica. Esse é o gancho que o debate aprofunda: para entender a complexa teia de pesquisa, genética, maquinário e logística que precisa ser construída, é preciso ouvir a análise de quem já vive essa realidade.

A Revolução Silenciosa do Cânhamo

Se o cultivo medicinal é a pauta mais urgente, o cânhamo industrial é a oportunidade mais silenciosa e, talvez, a mais gigantesca. Luiza Silveira, que mergulhou a fundo no tema em uma reportagem que foi ao ar no Globo Rural da TV Globo, no domingo dia 28 de setembro, descreve o potencial transformador da planta para o agronegócio e suas multifuncionalidades. "O produtor rural ainda não entendeu a potência que tem nas mãos. O cânhamo poderia ser nossa nova soja", afirma, destacando o uso da fibra em indústrias que vão de cosméticos e têxteis à construção civil, com casas mais sustentáveis e eficientes. Além disso, ela enfatizou a importância das ações de educação sobre o tema. 

A discussão no Deusa Cast desmistifica essa vertente, separando-a de forma clara de outras realidades da cannabis e questionando: por que uma cultura agrícola tão promissora e sem psicoativos ainda é tratada com tanto receio? A resposta, segundo o consenso na mesa, não está no campo, mas na cidade.

A Fronteira Final não é a Lei, é a Mentalidade

O diagnóstico final do debate é unânime: o maior desafio para a cannabis no Brasil é a educação. A desinformação cria um ciclo vicioso que alimenta o preconceito na sociedade, gera insegurança na classe médica e paralisa os legisladores. A matéria de Luiza Silveira para o Globo Rural foi um passo importante para furar essa bolha, mas o trabalho é contínuo.

O episódio serve como uma ferramenta poderosa nessa missão. Ao trazer dados, experiências internacionais e a visão de quem está na linha de frente, o Deusa Cast move a conversa para além do senso comum. A conclusão é que, para o Brasil finalmente destravar seu potencial, a batalha não será vencida apenas nos tribunais ou no Congresso, mas na mente e no coração de cada brasileiro.

Para entender a fundo os argumentos, os dados e as projeções que moldarão o futuro deste mercado, a conversa completa é indispensável.

Assista ao debate na íntegra, nesta terça dia 07 de outubro.