Controle de doping e cannabis: o que a WADA permite em competições

Ao contrário do que muitos pensam, o THC é permitido em concentrações urinárias em até 150 ng/mL, enquanto o CBD não está na lista de substâncias proibidas

Publicada em 02/10/2024

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Imagem: Vecteezy

A relação entre o uso de cannabis e o controle de doping tem gerado muitas dúvidas entre atletas e profissionais do esporte. Ao contrário da crença popular de que apenas o canabidiol (CBD) é permitido, a Agência Mundial Antidoping (WADA) estabelece critérios específicos para o uso de tetrahidrocanabinol (THC), o principal composto psicoativo da cannabis, durante competições.

Segundo a WADA, o THC é proibido apenas no período de competição, ou seja, quando um atleta está participando de eventos oficiais. No entanto, a proibição só é aplicada quando a concentração urinária do THC ultrapassa 150 ng/mL. Esse limite foi significativamente ampliado em 2013, quando anteriormente era de 15 ng/mL. Esse aumento reflete uma abordagem mais compreensiva, levando em consideração que níveis mais altos de THC só seriam detectados em usuários frequentes ou em casos de uso recente elevado, o que poderia impactar o desempenho do atleta.

 

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Trecho retirado de documento oficial da WADA explica que o THC é proibido apenas em competição e somente quando a concentração urinária excede o limite de 150 ng/mL. | Imagem: reprodução

 

Além disso, com a atualização do Código da WADA em 2021, foi introduzida a classificação do THC como uma "Substância de Abuso". Isso reduziu as penas associadas ao seu uso. Se um atleta provar que o uso do THC ocorreu fora de competições e que não teve impacto em seu desempenho esportivo, a suspensão pode ser reduzida de dois ou quatro anos para apenas um mês.

Os estigmas ainda existem

 

No entanto, mesmo com as normas da WADA em vigor, ainda existe muito preconceito em torno de atletas que utilizam a planta, como conta Pedro 'Peu' Guimarães, empresário, triatleta amador, ex-corredor de aventura e sócio-fundador do Atleta Cannabis, uma plataforma voltada ao tema.

 

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Na carreira esportiva, Peu disputou mais de 200 provas de
corrida de aventura, campeonatos de triathlon,
snowboard, técnicas verticais, entre outros. | Foto: arquivo pessoal 

Peu relata um episódio durante uma prova de triátlon em São Paulo, quando, segundo ele, foi "aleatoriamente" selecionado para participar de um exame antidoping. Ao chegar no local do exame, percebeu que muitos dos atletas presentes também utilizavam cannabis medicinal. "O triátlon, que é o único esporte amador que segue as mesmas regras de doping do esporte profissional, ainda promove uma verdadeira caça às bruxas contra quem faz uso medicinal da cannabis", comenta ele.

 

Peu destaca que o preconceito persiste mesmo entre os amadores, e que não há uma preocupação real em verificar se a cannabis oferece vantagem competitiva, mas sim em perseguir os usuários desse tipo de terapia. "Ninguém pergunta por que a pessoa usa cannabis medicinal", conclui o triatleta, referindo-se à falta de entendimento sobre os benefícios terapêuticos do tratamento para atletas.