Cultivo legal de cannabis em Marrocos salta para 4.751 hectares e bate recorde de produção

A iniciativa histórica envolve mais de 5.400 agricultores, transforma a economia da região do Rif e consolida o país como um líder no mercado global regulamentado

Publicada em 06/10/2025

Cultivo legal de cannabis em Marrocos salta para 4.751 hectares e bate recorde de produção

Este crescimento envolveu 5.493 agricultores organizados em 366 cooperativas, um salto significativo em relação aos 2.647 produtores registrados em 2024, Imagem: Canva Pro

Marrocos mais do que duplicou sua área de cultivo legal de cannabis para 4.751 hectares, um aumento expressivo em comparação com os 2.169 hectares do ano anterior. Este crescimento envolveu 5.493 agricultores organizados em 366 cooperativas, um salto significativo em relação aos 2.647 produtores registrados em 2024.

O país alcançou um marco na produção de cannabis legal em 2024, atingindo 4.082 toneladas. O volume é consideravelmente maior que os cerca de 300 quilos registrados em 2023, impulsionado pelo aumento no número de autorizações para agricultores.

 

Avanços na regulamentação da cannabis legal

 

O Estado marroquino concedeu 4.003 licenças que cobrem cultivo, processamento, comercialização e exportação, representando um aumento de 20% em um ano. Embora a maioria das licenças tenha sido destinada a agricultores, cerca de cem foram atribuídas a operadores que gerenciam atividades de transformação e comércio internacional.

A gestão de sementes também se intensificou. A Agência Nacional de Regulação das Atividades Relacionadas com a Cannabis (ANRAC) certificou 6,2 milhões de sementes importadas e autorizou o uso de quase 400 toneladas da variedade local "Beldia", contra 171 toneladas em 2024.

 

Chefchaouen: epicentro da transição para a cannabis legal

 

Das três províncias do Rif afetadas pela legalização – Al Hoceima, Chefchaouen e Taounate –, Chefchaouen se destaca pelo seu dinamismo. Em 2025, a cannabis legal cobria 1.347 hectares na região, mais que o dobro dos 616 hectares de 2024, cultivados por 1.435 agricultores em 104 cooperativas.

Desta área, 1.222 hectares foram plantados com a variedade Beldia, tradicional das montanhas do Rif, enquanto 125 hectares foram usados para genéticas importadas. Cooperativas locais, como a Bio Cannat, já transformam as colheitas em cosméticos e suplementos para o mercado interno e exportação.

 

Novos produtos, exportação e controle rigoroso

 

A indústria legal da cannabis em Marrocos começou a se diversificar. Em setembro de 2025, a Agência Marroquina de Medicamentos e Produtos de Saúde (AMMPS) já havia autorizado a comercialização de 67 produtos, incluindo 26 cosméticos e 41 suplementos alimentares.

Os canais de exportação estão se abrindo para países como França, Suíça, Portugal e Austrália, sinalizando a ambição do país no mercado internacional. Contudo, a regulação é acompanhada de um controle estrito: em 2025, a ANRAC realizou 5.430 inspeções, resultando na revogação de 111 licenças por inconformidade.

 

O impacto social e a redução do cultivo ilegal

 

Historicamente, a região do Rif dependia do cultivo, muitas vezes ilegal, de cannabis. O governo estima que 60 mil famílias locais dependem desta cultura para sobreviver. A reforma visa melhorar a subsistência, reduzir o poder de intermediários e integrar os agricultores em cooperativas.

Como explica Abdesslam Amraji, presidente da cooperativa Mazarii Amdghous: "A integração bem-sucedida deste setor no tecido agrícola local encorajou outros agricultores a aderirem à cooperativa, que tem visto sua produção e o número de membros crescer desde 2023".

Os sinais de progresso são visíveis. O Ministério do Interior observa que as áreas de cultivo ilegal diminuíram 79% em duas décadas. Além disso, o perdão concedido em 2024 pelo rei Mohammed VI a 4.831 agricultores que enfrentavam processos judiciais ilustra uma política de reconciliação com comunidades antes criminalizadas.

 

Com informações de NewsWeed