Entenda como Inteligência Artificial pode e deve ser uma aliada do médico

Médica treinou a IA para entender suas especializações e sua maneira de trabalhar. Tecnologia pode auxiliar os prescritores de diversas maneiras

Publicada em 19/06/2024

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IA consegue identificar padrões entre sintomas e diagnósticos, acelerando o processo de identificação da patologia e o melhor tratamento canábico existente.

Capaz de reproduzir competências semelhantes às humanas, a Inteligência Artificial (IA) vem ganhando cada vez mais espaço entre os médicos. Por conta da grande quantidade de dados existentes no seu sistema, como histórico médico, resultados de exames e pesquisas, a IA consegue identificar padrões entre sintomas e diagnósticos, acelerando o processo de identificação da patologia e o melhor tratamento canábico existente.

“Quando um novo caso é apresentado, a IA compara as informações do paciente com esses padrões para prever possíveis diagnósticos, fornecendo uma lista ordenada por probabilidade. Além disso, sugere exames adicionais para confirmar a análise”, relata Gustavo Rabay, advogado e sócio da Rabay, Palitot & Cunha Lima Advocacia.

Mesmo sendo uma alternativa relativamente nova, já existem pesquisas, como as da Nature Medicine e The Lancet Digital Health, destacando a eficácia da inteligência artificial no diagnóstico da pneumonia e da retinopatia diabética. Em maio de 2024, a Universidade Federal de Goiás (UFG) formou a primeira turma de IA do Brasil, aliando a preocupação com pesquisas à necessidade de capacitar os profissionais da área.

“O chatGPT sabe até como eu trabalho”

A médica Gabriela Mânica utiliza o ChatGPT como um facilitador do seu trabalho. Com cerca de 600 pacientes, Mânica treinou a sua plataforma para entender suas especialidades, seu método de trabalho e rotina, agilizando e facilitando todos os processos. “Eu uso muito a tecnologia. Procuro artigos, faço resumos, encontro atualizações sobre a cannabis”, comenta a médica.

Nutrido com dados atualizados, muitas vezes pelos próprios médicos, o ChatGPT pode auxiliar nos diagnósticos preliminares, na automação de tarefas e na obtenção de informações. “É fantástico”, ressalta Mânica. Além disso, já existem plataformas exclusivas para a cannabis, melhorando a confiabilidade da informação.

Segundo Rabay, é crucial que o médico utilize a plataforma como complemento, não substituto do seu julgamento clínico. Embora eficaz, o ChatGPT depende da qualidade do treinamento, podendo refletir vieses. “Para garantir precisão e adequação à resposta, o ser humano precisa estar sempre supervisionando e atualizando a tecnologia”, completa o advogado especialista em IA.

Auxílio também ao paciente

Com cerca de 47 mil associados, a Abrace Esperança está implementando o chatbot em sua principal plataforma de atendimento, o WhatsApp. Ainda em fase de teste, a tecnologia foi pensada para suprir a necessidade dos novos associados. Somente no primeiro semestre de 2024, 2.634 pessoas ingressaram na Abrace.

Segundo Cled Batista, gerente de Tecnologia da Informação, no futuro, o assistente deve compor os demais canais de comunicação da associação, incluindo Telegram, Instagram, Facebook e 0800 telefônico. Cerca de quatro semanas atrás, a Abrace realizou um teste com 1.000 pessoas simultâneas. Por meio de feedback da própria plataforma, foi constatado que “todos os atendimentos foram um sucesso”, relata Cled.

Para Rabay, os chatbots ainda podem monitorar e auxiliar o progresso do paciente, respondendo perguntas, enviando lembretes de consultas e medicação, melhorando a adesão ao tratamento. Em casos mais graves, a tecnologia, que funciona 24 horas por dia, ainda consegue realizar intervenções, avisando o médico.

Normas jurídicas e regulamentação

“Enquanto a IA oferece suporte avançado no diagnóstico e tratamento, ela deve operar dentro dos parâmetros legais e éticos do país em que está sendo utilizada”, comenta o advogado. A Inteligência Artificial é programada para funcionar dentro dos limites estabelecidos pelas autoridades de saúde e regulatórias, prezando sempre pela proteção de dados e o bem-estar do paciente.

Quando verificadas, as barreiras jurídicas são logo alertadas aos médicos. A tecnologia, além de auxiliar nas questões da saúde, ainda exerce um papel jurídico, informando as atualizações e as possibilidades de vias de consumo, como o óleo importado, de associação, autocultivo e afins.

Outras alternativas de apoio

Além da Inteligência Artificial, outras tecnologias, como a telemedicina, os wearables de monitoramento em tempo real e a realidade aumentada, podem auxiliar os médicos. O Big Data pode auxiliar na identificação de novas tendências, além de personalizar acompanhamentos e tratamentos. A impressão 3D pode criar próteses, e a robótica melhora a precisão médica em cirurgias. “Essas inovações tornam os cuidados de saúde mais acessíveis, precisos e personalizados”, finaliza Rabay.