Japão propõe limite de THC em 0,001% em produtos de CBD

“Mercado de US$ 170 milhões em risco”. Regulamentações estritas podem colapsar a indústria medicinal no país, sugerem especialistas

Publicada em 26/06/2024

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Óleo de CBD | Imagem: Freepik

O Japão está prestes a implementar novas regulamentações que podem mudar drasticamente o mercado de CBD do país. O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar propôs um limite de THC restritivo para produtos de CBD, estabelecendo um máximo de 0,001% para óleos de CBD e 1 miligrama por quilograma em produtos acabados. Para bebidas e outros produtos, os limites seriam ainda mais rigorosos. Essa mudança regulatória ameaça um mercado que atualmente é estimado em mais de US$ 170 milhões (27 bilhões de ienes) por ano.

Impacto econômico e comercial

 

Atualmente, a proporção de THC permitida em produtos de CBD em diversas partes do mundo é de 0,3%. A proposta do Japão de reduzir esse limite para 0,001% pode praticamente aniquilar o setor de venda livre, que cresceu significativamente nos últimos anos. De acordo com Toshiki Inoue, da Chillaxy, uma marca de estilo de vida CBD sediada em Tóquio, "Se isso acontecer, eu diria que 90% das empresas irão à falência".

Reações do mercado e dos consumidores

 

Os legisladores japoneses já sinalizaram no ano passado suas intenções de restringir a cannabis medicinal ao CBD e de exigir prescrição médica para sua utilização. Consumidores que utilizam estes produtos para condições variadas, como dor crônica e relaxamento, iniciaram uma petição contra os novos limites propostos de THC. Contudo, a expectativa é que esses esforços sejam em vão e que os novos regulamentos eliminem o mercado de CBD.

Uma fonte do setor privado, citada pelo HempToday, expressou preocupação de que as autoridades estejam destruindo um mercado crescente, integrando-o no serviço de bem-estar social, o que significa que apenas médicos poderiam prescrever produtos de CBD.

Benefícios para empresas farmacêuticas

 

As novas regras podem beneficiar especialmente empresas farmacêuticas como a Jazz Pharmaceuticals, sediada na Irlanda. A empresa produz o Epidiolex, um medicamento de CBD sem THC que é aprovado no Reino Unido e nos EUA para tratar formas graves de epilepsia. Limitar o mercado japonês de CBD a medicamentos altamente regulamentados poderia dar uma vantagem significativa a produtos como o Epidiolex.

Crescimento rápido e futuro incerto

 

Entre 2019 e 2023, o mercado de CBD no Japão cresceu seis vezes, passando de ¥ 4 bilhões (US$ 26 milhões) para ¥ 27 bilhões (US$ 173,8 milhões), conforme relatório da Euromonitor International. Os produtos de CBD são procurados principalmente para relaxamento, melhoria do sono e alívio do estresse. Atualmente, o CBD representa 28% do mercado total de cannabis no Japão, com os 72% restantes sendo vendas ilícitas de maconha.

Mesmo com as restrições atuais que permitem apenas produtos derivados de sementes ou caules de cânhamo, o mercado de CBD tem prosperado graças a uma fiscalização leniente que permitiu a existência de um mercado cinzento robusto. Estima-se que cerca de 150 empresas operem no comércio de CBD no Japão, atendendo a aproximadamente 588.000 usuários regulares.