A desvalorização da moeda libanesa, que já perdeu mais de 98% de seu valor frente ao dólar, e uma inflação que ultrapassou 200% em determinados períodos, deixaram o país à beira do colapso. Diante desse cenário, o governo decidiu transformar o que por décadas foi um cultivo ilegal, da Cannabis sativa, em um setor formal e potencialmente lucrativo. 

Segundo o site El Planteo, o plano busca gerar até US$ 1 bilhão por ano em receitas, regulando o cultivo e a exportação da planta para fins medicinais e industriais.

Um novo capítulo no Vale do Bekaa

No fértil Vale do Bekaa, onde o cultivo de cannabis já era prática comum entre famílias rurais, a legalização surge como um sopro de esperança. Por anos, agricultores recorreram à planta para sobreviver, enfrentando a criminalização e a falta de alternativas agrícolas viáveis.

Agora, o governo pretende formalizar essa cadeia produtiva, concedendo licenças, implementando infraestrutura e integrando os ministérios da Saúde, Agricultura, Indústria e Economia. A meta é consolidar um modelo que una desenvolvimento econômico, controle sanitário e responsabilidade social.

Desafios e reconstrução

Apesar da perspectiva otimista, os obstáculos são grandes. A lei que permite o cultivo de cannabis medicinal e industrial foi aprovada em 2020, mas sua aplicação segue travada por disputas políticas e pela ausência de uma autoridade reguladora atuante. Além disso, a pobreza extrema, que atinge mais de 80% da população, e a infraestrutura fragilizada dificultam qualquer tentativa de retomada.

Ainda assim, segundo o El Planteo, há uma crença crescente de que a legalização pode se tornar uma via de reconstrução econômica e social. Para os agricultores, representa mais que uma nova fonte de renda: é a possibilidade de cultivar futuro, depois de anos sem colheita de esperança.

Com informações de El.Planteo.