Em um movimento que promete marcar um antes e um depois na região, o Paraguai está à beira de legalizar o tetraidrocanabinol (THC), o principal componente psicoativo da cannabis. Essa iniciativa tem gerado expectativas tanto no âmbito governamental quanto entre os consumidores, que vislumbram um futuro com maiores benefícios econômicos e uma regulamentação que garanta a qualidade e a segurança dos produtos.

Um projeto com apoio governamental

O projeto de lei atual se diferencia de tentativas anteriores graças ao forte apoio do governo. De acordo com fontes oficiais, a estratégia contempla um modelo regulatório baseado na experiência acumulada ao longo de cinco anos com o cultivo e comercialização do cânhamo industrial no Paraguai. Esse setor mostrou resultados positivos, tornando-se um exemplo de como a rastreabilidade e uma fiscalização eficaz podem gerar confiança e resultados econômicos favoráveis.

Com essa base, o governo busca expandir o modelo para o uso recreativo da cannabis, promovendo um sistema de controle que assegure qualidade, segurança e benefícios econômicos substanciais. 

Impacto econômico: uma promessa de transformação

Um dos pilares do projeto é a promessa de aumentar significativamente as receitas fiscais. Segundo as projeções, a legalização do THC poderia gerar receitas superiores às atualmente destinadas a setores essenciais, como educação, saúde e infraestrutura. Esse argumento tem sido fundamental para conquistar o apoio de diversos setores políticos e sociais, posicionando a legalização não apenas como um tema social, mas também como uma estratégia econômica viável.

Benefício para os consumidores: qualidade e segurança

Para os consumidores de cannabis, a legalização significa mais do que acesso legal: representa a possibilidade de adquirir produtos com qualidade garantida e produzidos sob rigorosos padrões sanitários. Atualmente, quem consome cannabis no Paraguai é obrigado a recorrer ao mercado clandestino, expondo-se a riscos associados a produtos de procedência e qualidade duvidosas.

Com a legalização, os consumidores poderão acessar variedades de cannabis com alto teor de THC — superiores a 25% —, distribuídas por meio de uma rede de dispensários estrategicamente localizados, incluindo pontos próximos à fronteira com o Brasil. Esse aspecto abre uma porta para o mercado brasileiro, que poderá encontrar no Paraguai uma opção legal e segura para adquirir cannabis de alta qualidade.

Oportunidade regional e projeção internacional

A localização geográfica do Paraguai, somada à sua experiência na regulamentação do cânhamo, posiciona o país como um potencial líder no mercado regional de cannabis. Os dispensários em áreas fronteiriças atenderiam não apenas consumidores locais, mas também atrairiam visitantes de países vizinhos, especialmente do Brasil, onde as restrições ao consumo recreativo de cannabis são mais rígidas.

Próximos passos: o congresso e o executivo

Atualmente, a iniciativa está em discussão na Câmara dos Senadores. A aprovação do projeto dependerá da coordenação entre o Poder Executivo e as instituições responsáveis pela regulamentação da cannabis, como o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAG), a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) e o Ministério da Saúde Pública. Essas instituições já demonstraram sua capacidade de gestão no setor de cânhamo industrial, um precedente que pode ser decisivo para o sucesso do novo modelo.

Uma mudança histórica para o Paraguai

A legalização do THC no Paraguai representa não apenas uma mudança nas políticas de drogas, mas também uma oportunidade de transformar o panorama econômico, melhorar a qualidade de vida dos consumidores e posicionar o país como referência na indústria da cannabis na América Latina.

Enquanto o projeto avança no Congresso, cresce a expectativa entre consumidores, investidores e reguladores, que veem nessa iniciativa uma oportunidade única de desenvolvimento e progresso.

O próximo capítulo da história da cannabis no Paraguai está prestes a ser escrito, e seu impacto pode ser profundo tanto no nível nacional quanto regional.