Para quem convive com a coceira incessante e a vermelhidão persistente do eczema, qualquer alívio já representa uma mudança importante na rotina. Agora, uma nova pesquisa traz esperança com base na medicina canabinoide: uma pomada com altas concentrações de CBD (canabidiol) e CBG (canabigerol) demonstrou resultados promissores no tratamento da dermatite atópica, condição inflamatória da pele que atinge milhões de pessoas no mundo.

O estudo, publicado na revista científica Clinical, Cosmetic and Investigational Dermatology, acompanhou nove adultos diagnosticados com eczema, que utilizaram a formulação tópica por três meses. Composta por 30% de CBD, 5% de CBG, óleo de semente de cânhamo e colesterol, a pomada foi aplicada nos antebraços dos pacientes sempre antes de dormir, com a recomendação de uso de curativo úmido para potencializar os efeitos.

Os resultados? Mais do que promissores!

De acordo com os pesquisadores da Universidade Médica da Silésia, na Polônia, e da De Montfort University, no Reino Unido, houve melhora significativa em parâmetros clínicos como hidratação da pele, equilíbrio do sebo, redução da vermelhidão (eritema) e perda de água transepidérmica (TEWL). Em alguns casos, os sintomas entraram em remissão completa.

“Os pacientes que seguiram corretamente o protocolo demonstraram avanços expressivos, o que mostra o potencial do uso tópico dos canabinoides no cuidado da pele inflamada”, escreveram os autores. 
O grupo ainda destacou que mesmo os pacientes que apresentaram resistência à textura mais oleosa da pomada relataram melhorias, embora menos significativas.

Dermatite atópica e o tratamento com o canabidiol

A dermatite atópica é a doença inflamatória de pele mais comum, crônica e recorrente, que muitas vezes impacta não só a saúde física, mas também o bem-estar emocional dos pacientes. 

Coceira intensa, lesões e desconforto são sintomas que afetam o sono, o humor e a autoestima. Diante disso, a eficácia de uma alternativa natural e com baixo risco de efeitos colaterais, como a combinação de CBD e CBG, surge como uma notícia animadora tanto para médicos quanto para pacientes.

O estudo reconhece que os testes foram realizados durante o verão europeu (de maio a julho de 2022), época em que a condição costuma apresentar melhora natural, o que pode ser uma variável a ser considerada nos resultados. Ainda assim, a equipe acredita no potencial clínico da formulação, recomendando estudos com amostras maiores e controle mais rigoroso das variáveis.

Mais evidências dos benefícios 

Outras pesquisas recentes reforçam os benefícios dermatológicos do CBD. Cientistas da Tailândia sugerem que o canabidiol pode atuar como um aliado em cosméticos anti-idade e cicatrizantes, enquanto um estudo americano apontou que loções com infusão de CBD podem reduzir os danos causados pelos raios UV na pele.

E os benefícios não param nos humanos: um artigo publicado na Frontiers in Veterinary Science observou melhora significativa na pele e no comportamento de um cão com lúpus eritematoso discoide tratado com óleo de cannabis, mostrando-se assim, como uma alternativa viável de alívio.

A soma dessas descobertas aponta para um futuro promissor para os canabinoides como ferramentas terapêuticas, tanto no cuidado com a pele quanto no bem-estar geral. Para quem vive em constante desconforto por conta de doenças dermatológicas, a ciência parece estar, finalmente, oferecendo uma luz no fim do túnel a todos.