Sistema endocanabinoide pode ajudar a explicar ganho de peso em pacientes com esquizofrenia

Pesquisa da USP revela como cannabis e antipsicóticos afetam o sistema endocanabinoide em pacientes com esquizofrenia, apontando novos caminhos terapêuticos

Publicada em 03/09/2025

Sistema endocanabinoide pode ajudar a explicar ganho de peso em pacientes com esquizofrenia

Esquizofrenia e ganho de peso: pesquisa revela pistas no sistema endocanabinoide | CanvaPro

A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico complexo, marcado por sintomas que afetam pensamento, comportamento e percepção da realidade. Embora já existam medicamentos eficazes, como a clozapina para casos resistentes, o tratamento ainda apresenta desafios, entre eles, o ganho de peso. 

Uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) aponta que o sistema endocanabinoide (SEC), rede de receptores e substâncias envolvidas em funções como apetite, memória e humor, pode ter papel importante na compreensão desse processo.


O estudo e seus participantes


O trabalho, desenvolvido pelo Grupo de Psicoses da USP, analisou 93 voluntários divididos em três grupos: pacientes com esquizofrenia resistentes ao tratamento em uso de clozapina (29), pacientes em uso de outros antipsicóticos (31) e controles saudáveis (33). Foram avaliados níveis de anandamida (AEA), 2-AG e receptores periféricos CB2, todos ligados ao sistema endocanabinoide.


Cannabis e antipsicóticos mostram efeitos distintos


Os resultados mostraram que indivíduos que relataram uso de cannabis em algum momento da vida apresentaram menores concentrações de 2-AG no plasma. 

Já os pacientes que utilizavam antipsicóticos diferentes da clozapina apresentaram maiores valores de receptores CB2 periféricos. 

Segundo os pesquisadores, após o controle de possíveis fatores de confusão, o uso de cannabis foi o único fator ligado à redução de 2-AG, enquanto o uso de outros antipsicóticos se associou ao aumento de CB2.

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Implicações para a esquizofrenia


De acordo com o estudo, publicado em 2024, esses achados representam a primeira associação direta entre o uso de cannabis, medicamentos antipsicóticos e alterações no sistema endocanabinoide em pacientes com esquizofrenia. 

Embora os resultados ainda precisem ser aprofundados em novas pesquisas, eles podem contribuir para revisões no diagnóstico, na compreensão das comorbidades e, futuramente, na busca por novos alvos farmacológicos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes.