Substâncias psicodélicas mostram potencial como aliados contra doenças inflamatórias
Pesquisas revelam que substâncias psicodélicas, como psilocibina e LSD, podem ter ação anti-inflamatória, abrindo novas possibilidades terapêuticas e reforçando a conexão entre mente e corpo na medicina moderna
Publicada em 15/10/2025

Como os psicodélicos podem revolucionar os tratamentos anti-inflamatórios | CanvaPro
Substâncias antes associadas apenas à contracultura dos anos 1960, como LSD, DMT, ayahuasca e psilocibina (o princípio ativo dos chamados “cogumelos mágicos”), estão ganhando novo protagonismo na medicina moderna. De acordo com um artigo publicado no portal The Conversation — baseado em estudos recentes revisados por cientistas e disponíveis na base PubMed Central — essas substâncias demonstram potencial para tratar doenças inflamatórias e transtornos mentais de forma inovadora, sem os efeitos colaterais dos medicamentos tradicionais.
Os pesquisadores destacam que os psicodélicos têm mostrado a capacidade de reduzir a liberação de citocinas inflamatórias, moléculas que alimentam doenças como artrite reumatoide, asma e até depressão. Diferentemente dos corticosteroides — principais anti-inflamatórios usados hoje —, essas substâncias parecem agir sem comprometer a função normal do sistema imunológico, um dos maiores desafios dos tratamentos convencionais.
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Os psicodélicos podem ser um tratamento para a dor física?
Em testes realizados com 60 voluntários saudáveis, uma única dose de psilocibina foi suficiente para reduzir significativamente os níveis de TNF-alfa e IL-6, marcadores inflamatórios ligados a diversas doenças crônicas. Resultados semelhantes foram observados com a ayahuasca, que, além de reduzir a inflamação (medida pelo marcador CRP), também melhorou sintomas de depressão resistente.
Os cientistas acreditam que esses efeitos estão ligados à ação dos psicodélicos sobre os receptores 5-HT2A — os mesmos que interagem com a serotonina, o chamado “hormônio da felicidade”. No entanto, há indícios de que os efeitos anti-inflamatórios não dependem diretamente das experiências alucinógenas, o que abre caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos que mantenham o potencial terapêutico, sem causar alterações perceptivas.
Empresas como a norte-americana Delix Therapeutics já desenvolvem compostos inspirados nos psicodélicos, como DLX-001 e DLX-159, que imitam os efeitos antidepressivos e anti-inflamatórios, mas sem provocar alucinações. Esses chamados Pipi drugs (psicodélicos informados, porém inativos) representam uma nova geração de fármacos que podem transformar o tratamento de doenças ligadas à inflamação, como depressão, artrite e doenças cardíacas.
Embora os resultados ainda estejam em fase inicial, a comunidade científica reconhece o avanço. Se confirmados em estudos clínicos mais amplos, os psicodélicos e seus derivados podem revolucionar a medicina anti-inflamatória, oferecendo alternativas mais seguras e eficazes para milhões de pacientes.
Fonte: The Conversation — “From trips to treatments: how psychedelics could revolutionise anti-inflammatory medicine” (publicado em 2025).