O papel fundamental das associações na regulação da "jabuticannábica" brasileira
Em sua coluna de estreia no Sechat, o empresário e ativista Pedro Sabaciauskis trata com conhecimento de causa da importância da atuação na sociedade civil brasileira - por meio das dezenas de associações organizadas ou em processo de constituição -
Publicada em 03/02/2021
Coluna de Pedro Sabaciauskis*
Toda e qualquer regulação a respeito de Cannabis Medicinal do Brasil tem que passar pelas associações de pacientes. Parece pretensioso dizer isso, mas, na verdade, não é. Vou te explicar e certamente no final desse texto a ideia de pretensão dará lugar à de senso de justiça.
Vamos lá...
Por uma questão de ordem e preferência, as associações têm que ser as primeiras a serem ouvidas, respeitadas e as primeiras a terem a autorização para o plantio em território nacional, com normas mais brandas ou com financiamento que permitam se adequarem às normas.
As associações foram as primeiras a se colocarem em risco, para tratar pacientes que estavam à margem da saúde pública, muitas vezes desacreditados e mal informados. E digo mais, não só na saúde pública, como também o setor privado, que segue muitas vezes um formato frio e truculento baseado em lucro.
Mas você deve estar se perguntando, por que esse “privilégio”? Primeiro, que não se trata de privilégio mas, sim, reconhecimento pelo serviço prestado à sociedade. Sim, reconhecimento, porque elas foram as primeiras a se colocarem em risco, para tratar pacientes que estavam à margem da saúde pública, muitas vezes desacreditados e mal informados. E digo mais, não só na saúde pública, como também o setor privado, que segue muitas vezes um formato frio e truculento baseado em lucro.
Ou seja, na contramão temos brasileiros cuidando de brasileiros. Tirando leite de pedra ou óleo de planta (como preferir), a custos e riscos altíssimos, fazendo um papel que deveria ser do estado.
Esse cuidado com o próximo desencadeou um fato social crescente e que não tem mais volta. Pois se o governo não resolve, nós, brasileiros, não esperaremos sentados. E agimos e gerimos a autotutela de direito à saúde, de certa forma já previsto na Constituição.
Projetado por esse movimento empírico e orgânico, desenhou-se um cenário muito maior, que para enxergarmos temos que ampliar o raio de visão ao mesmo tempo em que focamos na onda silenciosa que está por trás das associações.
Hoje, o cenário se desenha com mais de 30 associações registradas e outras tantas em processo de registro. Capilarizadas em território nacional, processando dados da realidade de cada região, que são bem distintas, por sinal. Ou seja, as associações são detentoras do know-how brasileiro.
Além disso, são nas associações que os mais diversos profissionais estão procurando e obtendo ajuda para se atualizarem e não ficarem para trás em relação aos países que já se debruçaram sobre o “fantástico mundo da cannabis”. Enquanto isso, o país das “maravilhas” Brasil proíbe os seus profissionais de se atualizarem e serem competitivos nesse novo mundo verde. Isso mesmo que você leu, proíbe estudar e pesquisar!
Além disso, são nas associações que os mais diversos profissionais estão procurando e obtendo ajuda para se atualizarem e não ficarem para trás em relação aos países que já se debruçaram sobre o “fantástico mundo da cannabis”. Enquanto isso, o país das “maravilhas” Brasil proíbe os seus profissionais de se atualizarem e serem competitivos nesse novo mundo verde. Isso mesmo que você leu, proíbe estudar e pesquisar!
E nesse deserto de possibilidades as associações são verdadeiros oásis para agrônomos, biólogos, químicos, bioquímicos, médicos, farmacêuticos, enfermeiros, pesquisadores, advogados… e por aí vai.
Mas essas talvez não sejam ainda a maior importância das associações, e sim o papel de ser o fiel da balança nas negociações quase dramáticas que estão por vir.
Pois, na sombra do descaso e dos interesses das grandes instituições, criamos uma “jabuticannábica” brasileira, que se chama associações. E se elas se organizarem em uma federação, não deixarão que o modelo mundial de cannabis, genérico e pouco eficiente, muitas vezes produzido com hemp industrial sem considerar a importância do THC e com perfil mercadológico predatório, se implante aqui.
Ou seja, as associações são a sociedade representada, e como tal, parecem estar dispostas a ser o contraponto do debate, mirando em uma regulamentação justa, democrática, de geração de oportunidades e, de preferência, oportunidades para as comunidades carentes, que sempre sofreram com o assunto cannabis.
Ou seja, as associações são a sociedade representada, e como tal, parecem estar dispostas a ser o contraponto do debate, mirando em uma regulamentação justa, democrática, de geração de oportunidades e, de preferência, oportunidades para as comunidades carentes, que sempre sofreram com o assunto cannabis.
Mas sejamos positivos pois há uma solução! Basta uma regulamentação onde os três setores (governo, empresas e associações) se sentem em uma mesa, conversem humanamente e, com bom senso, achem pontos em comum, onde todos sejam contemplados! E isso não é utopia, e sim uma “jabuticannábica brasileira”!
*Pedro Sabaciauskis é empresário, ativista da cannabis medicinal, presidente da Santa Cannabis e colunista do Sechat
As opiniões veiculadas nesse artigo são pessoais e de responsabilidade de seus autores.
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