De 2.800 crises diárias para zero: A transformação na qualidade de vida de Helena com o uso medicinal da cannabis

"Tínhamos uma vida extremamente limitada antes do canabidiol. Vivíamos em função das crises da Helena", diz mãe da paciente

Publicada em 26/07/2023

capa
Compartilhe:

Por redação Sechat

Helena, uma criança de apenas cinco anos, natural de Imbituba (SC), enfrentou muitos desafios desde que nasceu. Devido à microcefalia, uma condição que afeta o seu desenvolvimento físico e cognitivo, a criança chegou a ter 2.800 crises convulsivas diárias, recorda a mãe, Tatiane da Rosa.

Durante os três primeiros anos de vida, Helena teve inúmeras convulsões, ocorrendo duas vezes por minuto. O que levou a uma situação desesperadora para a família, sem saber onde buscar ajuda. 

Atividades terepêuticas na APAE de Imbituba - SC, auxiliam o desenvolvimento motor de Helena. Ela se diverte durante as sessões.

Entretanto, a vida da criança mudou completamente com o uso da cannabis. Há dois anos, Helena começou a ser tratada com o óleo de CBD (canabidiol), por meio de um programa social da Associação Alternativa, e os resultados têm sido notáveis. O CBD, um componente da cannabis popularmente conhecido como maconha, tem sido amplamente estudado por sua eficácia na redução da frequência e gravidade das convulsões em pacientes com epilepsia.

Com o início do tratamento, as convulsões que eram constantes e exaustivas simplesmente desapareceram. Sua mãe conta que os medicamentos que antes eram indispensáveis para Helena, gradualmente se tornaram desnecessários. Essa mudança trouxe alívio e renovou a esperança para o futuro da menina.

"Tínhamos uma vida extremamente limitada antes do cannabidiol. Vivíamos em função das crises da Helena", diz Tatiane que completa: "Ela chegava a ficar sem respirar e ficava totalmente rígida. Precisávamos agir rapidamente para socorrê-la, pois havia o risco de engasgamento devido às convulsões".

O CBD é um canabinoide derivado da planta cannabis

Anteriormente, por conta de problemas de deglutição, Helena dependia de uma sonda para se alimentar, mas agora os pais celebram cada refeição que ela realiza normalmente. A conquista pode parecer pequena para alguns, mas para Helena e sua família representa um marco significativo.

Além disso, as melhorias em sua função motora são notáveis. Cada novo movimento, passo e sorriso se tornaram testemunhos do poder transformador do uso medicinal da cannabis. Helena não é apenas uma paciente, ela é um símbolo de esperança e resiliência.

"Agora, fazemos muitas coisas juntas! Ela realmente evoluiu", comemora a mãe.

Paulo Bittencourt, médico neurologista, ressalta a importância da cannabis medicinal como um tratamento inovador para a epilepsia. Ele enfatiza que, embora alguns profissionais ainda possam ter dúvidas sobre sua eficácia, em casos de formas severas de epilepsia, como as síndromes de Dravet, Lennox-Gastaut e West, a eficácia dos derivados da planta é incontestável.

“Hoje, a qualidade de vida de Helena é incomparavelmente melhor. Sua história nos faz refletir sobre o imenso potencial da cannabis. Ela é a prova de que, com a combinação certa de ciência, amor e perseverança, é possível superar obstáculos”, afirma o médico.

O testemunho de sua família evidencia que, por trás de cada desafio, há uma história de superação. A luz no fim do túnel pode estar onde menos esperamos, e para Helena, ela veio na forma de uma planta, considerada por muitos o futuro da medicina.