Por Tylla Lima com informações do Benzinga
Na Austrália, um estudo conduzido pela Universidade de Melbourne examinou os resultados de uma pesquisa global sobre o uso da ayahuasca realizada entre 2017 e 2019. Os dados revelaram que pelo menos 10.836 adultos usaram a ayahuasca em algum momento.
O estudo ressaltou a crescente disseminação das epidemias de ayahuasca para diversas partes do mundo, gerando reflexões significativas sobre a relação entre os riscos e os benefícios associados ao seu consumo.
A Ayahuasca, uma infusão derivada de plantas nativas da Amazônia com aplicações na medicina tradicional, ganhou popularidade globalmente devido ao seu potencial para promover o bem-estar mental e o crescimento pessoal e espiritual.
Essa substância é uma combinação de duas plantas, Banisteriopsis caapi e Psychotria Viridis, com o composto DMT, responsável por seus efeitos psicotrópicos que se manifestam de 20 a 60 minutos após a ingestão e podem durar até 8 horas.
O estudo revelou que, em geral, os benefícios e experiências positivas com a ayahuasca superaram os efeitos adversos. Cerca de 69,9% das pessoas relataram efeitos adversos imediatos, principalmente vômitos, enquanto 2,3% necessitaram de cuidados médicos adicionais.
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Além disso, 55,9% das pessoas relataram efeitos adversos à saúde mental nas semanas ou meses após o uso, mas cerca de 88% consideraram esses efeitos como parte de um processo de crescimento ou integração. Aproximadamente 12% procuraram ajuda profissional para lidar com tais efeitos.
Os pesquisadores identificaram que os efeitos adversos físicos estavam relacionados à idade da primeira experiência com a ayahuasca, problemas de saúde física, consumo prévio da substância, diagnósticos anteriores de transtorno por uso de substância e o uso não supervisionado da ayahuasca. Da mesma forma, os efeitos mentais adversos foram associados a transtornos de ansiedade, condições de saúde física e resistência a experiências espirituais agudas.
Apesar de uma taxa significativa de efeitos adversos, embora não graves, decorrentes do uso da ayahuasca, os pesquisadores concluíram que os benefícios superam esses riscos. Eles enfatizaram que uma compreensão mais profunda da relação entre riscos e benefícios pode contribuir para a formulação de políticas e medidas de saúde pública relacionadas ao uso da ayahuasca.
O estudo também chamou a atenção para o aumento da cultura de retiros espirituais no Ocidente, onde as pessoas pagam grandes quantidades para participar dessas experiências. Daniel Perkins, um dos autores do estudo, destacou que a ayahuasca é usada principalmente como terapia alternativa, e não como uma substância recreativa. Ele sublinhou que, em geral, seu uso não é muito difuso.