Biocombustível de cânhamo: uma alternativa sustentável

A planta tem potencial para mais de 25 mil usos industriais e, dentre eles, está um que pode ser de grande interesse econômico e ambiental: o biocombustível de cânhamo

Publicada em 07/01/2022

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Curadoria e edição Sechat, com informações de The Green Hub

Uma das principais características do cânhamo – variação da cannabis com teor de tetrahidrocanabinol (THC) de 0,2 a 0,3% e sem possibilidade de gerar efeito psicoativo – é a versatilidade. A planta tem potencial para mais de 25 mil usos industriais e, dentre eles, está um que pode ser de grande interesse econômico e ambiental: o biocombustível de cânhamo.

A nossa sociedade é baseada no uso de combustíveis fósseis, como o petróleo, amplamente aplicado na produção de gasolina e biodiesel tradicional, o carvão, principal fonte de energia elétrica dos Estados Unidos (EUA), e o gás natural, também muito consumido em todo o mundo. Contudo, estas são fontes finitas, que levam milhares de anos para serem produzidas pelo ambiente. São também fontes poluentes, que liberam CO² na atmosfera quando queimadas, potencializando as mudanças climáticas.

Diante desta equação que não tem como funcionar no longo prazo, os países têm trabalhado em busca de alternativas para a geração de energia e o cânhamo é, certamente, uma delas.

Neste texto, vamos abordar alguns dos diferenciais do cânhamo como fonte de biocombustível.

Biocombustível de cânhamo é mais produtividade

Com até 44% de óleo em suas sementes, o cânhamo pode produzir mais de 800 litros de biodiesel (tipo de biocombustível) por hectare por ano, um rendimento superior a outras culturas usualmente utilizadas para este fim, como soja ou girassol 

Mais resistência

O cânhamo é também uma planta mais resistente do que suas concorrentes na produção de biocombustível. A planta requer menos água para crescer e tem a capacidade de prosperar em solos menos férteis, ou até contaminados, e em climas variados. A menor necessidade de biofertilizantes na terra também representa menos vestígios dessas substâncias nas águas. Isso tudo possibilita uma produção mais barata e sustentável.

Mais possibilidades

Não é apenas a semente do cânhamo que tem valor econômico. Trata-se de uma planta que pode ser aproveitada integralmente. Suas fibras são excelentes para confecção de tecido, papel, plástico e outras centenas de itens. Das flores, é possível extrair o canabidiol (CBD), insumo importante, principalmente para a indústria farmacêutica. Já as folhas, podem ser consumidas como chá e outras formas variadas, ou ainda queimadas como biomassa, como vamos explicar logo abaixo.

Mais eficiente

Nestes sistemas produtivos, os resíduos também são aproveitados para a geração de energia, em usinas de biomassa, que funcionam com o vapor produzido pela combustão de material orgânico. Uma análise realizada em 2011, nos EUA, apontou que o rendimento energético da biomassa do cânhamo foi 120% maior do que o da palha do trigo. 

Mais sustentabilidade

Outro estudo, este realizado em 2015, pela University of Gävle, na Suécia, apontou que o biodiesel de cânhamo é mais limpo do que aquele produzido a partir de soja ou colza – planta também bastante empregada com esta finalidade. Esta chancela de menos danoso ao meio ambiente é resultado de todos os benefícios que listamos  acima.

O que falta para o mundo adotar o biocombustível de cânhamo?

Alguns fatores colaboram para que o cânhamo não seja ainda uma opção amplamente adotada para a produção de biocombustível. O principal deles é o fato de que a cannabis foi criminalizada em muitos países – e segue assim em vários deles, como o Brasil. A consequência é o baixo volume de produção, que torna a demanda maior do que a oferta, subindo os valores de seus produtos.

O óleo da semente de cânhamo é útil para a produção de biocombustível, mas também para uma variedade de outras aplicações nas indústrias cosmética e alimentar, que já estão mais avançadas e sua utilização.

A produção mundial de cânhamo irá crescer à medida que mais países descriminalizaram e ou reconhecerem o potencial da planta. Com mais áreas cultivadas, o custo do biocombustível de cânhamo passará a ser competitivo e poderá ser aproveitado como uma alternativa ao nosso modelo atual, caro e poluente.