Diretores da Anvisa pedem vistas e votação da cannabis medicinal é adiada
Presidente da agência votou a favor das propostas de plantio e registro de medicamentos; no entanto, Antonio Barra e Fernando Mendes pediram mais tempo para analisar
Publicada em 15/10/2019
Por Marcus Bruno
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) precisou adiar, nesta terça-feira (15), a votação do processo de regulamentação da cannabis medicinal no Brasil.
Isso porque os diretores Fernando Mendes e Antônio Barra Torres pediram vistas às duas propostas de RDCs (Resolução de Diretoria Colegiada) sobre o tema, tanto a que trata do plantio de maconha para fins de pesquisa e remédios, quanto a do registro dos medicamentos à base da planta.
O diretor-presidente da Anvisa, Willian Dib, após uma longa leitura do voto, se manifestou a favor de ambas as propostas.
"Quando o judiciário autoriza famílias a fazer plantio de cannabis artesanal, coloca que a Anvisa precisa regulamentar. Que enquanto não regulamentar, isso vai ser permitido. Ou nós tomamos a frente ou vamos ser sugados pelas ações civis jurídicas", argumentou Dib.
"A inércia regulatória leva a via de importação como único caminho. A omissão do poder público afronta a proteção constitucional de direito à saúde.", conclui o presidente.
No entanto, Mendes e Torres pediram vistas antes que os demais diretores Renato Porto e Alessandra Bastos Soares votassem. Alessandra já se manifestou a favor do tema, em entrevista ao Sechat. Já Antonio Barra Torres, por ser indicado por Jair Bolsonaro, acredita-se que votará contra, uma vez que o presidente já se manifestou contra a proposta de plantio.
Dib tem a prerrogativa para pedir o processo de volta após duas reuniões colegiadas, o que significa que o tema deve ficar nas mãos dos diretores por pelo menos mais duas semanas até que retorne à pauta. No melhor cenário, o tema deve voltar no dia 5 de novembro.
A reunião contou ainda com manifestações dos senadores Eduardo Girão (Pode-CE), Styvenson Valentim (Pode-RN) e Mara Gabrilli (PSDB-SP), além de Beto Vasconcellos, representando a empresa Entourage, Rafael Evangelista, presidente da Associação Aliança Verde, e Norberto Fischer, pai da primeira paciente autorizada a importar medicamento com cannabis.
Na reunião, também foram apresentadas mudanças às propostas originais da Anvisa para a regulamentação. As alterações foram feitas com base nas sugestões da sociedade durante dois meses de consultas públicas.
Willian Dib lê seu voto para regulamentar cannabis medicinal: "a inércia regulatória leva a via de importação como único caminho. A omissão do poder público afronta a proteção constitucional de direito à saúde." pic.twitter.com/ZLuDP4pFUS
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Senadora @maragabrilli defende aprovação da regulamentação da cannabis medicinal no Brasil durante reunião da @anvisa_oficial em Brasília pic.twitter.com/QYH6RqPYy8
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Senador Eduardo Girão: "A maconha é uma droga pesadíssima, sim. Ela é a porta de entrada de outras drogas, causa evasão escolar, destrói a juventude e causa esquizofrenia" pic.twitter.com/jeEQtrJS4D
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Senador @SenStyvenson: "Minha preocupação é se essa droga vai ser ou não desviada". "Queria ter certeza de que essas empresas que vão plantar, secar, embalar e transplantar, se toda a segurança vai ficar a critério dela. É uma responsabilidade muito grande". pic.twitter.com/IzgJ7CQ2Sw
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Norberto Fischer: "mais de 40 países já regulamentaram o uso medicinal, EUA está patenteando CBD e THC medicinal, e nós escutando que se Anvisa regulamentar todo mundo vai virar maconheiro. Se for usar esse tipo de desculpa, infantil e medíocre, que escolham um argumento melhor" pic.twitter.com/HtzCtGknA5
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Renato Vasconcellos, da Entourage: "É um dia histórico. A vida requer coragem, sobretudo de agentes políticos. O tempo de uma ideia que chegou é impossível ser parado, e esta ideia é ciência, é desenvolvimento científico e tecnológico, sobretudo saúde pública. E o tempo é hoje" pic.twitter.com/E1XOZMCL4q
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Rafael Evangelista, da associação Aliança Verde, defende o cultivo associativo: "Deixar de cultivar no brasil é dar um chute na nossa soberania" pic.twitter.com/ij3gUC2SUs
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