Ease Labs quer produzir medicamentos à base de Cannabis em Minas Gerais

Multinacional que adquiriu laboratório farmacêutico em BH para iniciar a fabricação dos produtos no Brasil

Publicada em 10/01/2020

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Belo Horizonte poderá abrigar o primeiro laboratório nacional para produção de medicamentos à base de cannabis sativa. A Ease Labs, multinacional que atua nesse segmento, acabou de adquirir um laboratório farmacêutico na capital mineira para iniciar a fabricação dos produtos no Brasil. A expectativa é de que a produção seja iniciada até o fim do primeiro semestre. As informações são do Diário do Comércio de MG.

Embora os valores da aquisição não tenham sido revelados, por questões contratuais, o CEO da Ease Labs, Gustavo de Lima Palhares, disse que se trata de um laboratório que foi pioneiro em medicamentos fitoterápicos no País, possuindo mais de 50 anos de história. Localizado no bairro Guarani, na região Norte da cidade, o espaço tem 1.450 metros quadrados de área produtiva, completo setor de controle de qualidade e controle microbiológico e capacidade de produzir 3,6 mil medicamentos por hora.

“Isso vai nos garantir uma produção média de 6,5 milhões de medicamentos por ano, o suficiente para suprir toda a demanda pelos produtos no Brasil. Estamos desenvolvendo um portfólio bastante diversificado, com medicamentos de cannabis focados nas doenças e sintomas mais demandadas no País. Além disso, nossa linha de produção vai incluir outros remédios e suplementos de origem natural, fabricados a partir de insumos da biodiversidade brasileira”, explicou.

Para isso, a Ease Labs está realizando os processos necessários para o registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aprovou, no fim de 2019, a produção e a liberação da venda em farmácias de produtos à base de cannabis para uso medicinal no Brasil. A regulamentação é temporária, com validade de três anos, e entrará em vigor em março deste ano.

Ainda segundo o executivo, inicialmente, 40 novos empregos poderão ser gerados com a operação do laboratório, número que poderá triplicar em 2021. No mesmo ano, a empresa estima faturar R$ 190 milhões. “Contratamos um diretor experiente em Regulatório e Compliance visando a certificar que a regulamentação da vigilância e demais órgãos reguladores sejam cumpridas à risca. Queremos sempre seguir todas as instruções e normas aplicáveis, agindo com excelência na produção dos nossos produtos”, afirmou.

Exportação – Inicialmente o foco será a comercialização no mercado interno, mas a Ease Labs já estuda exportar os medicamentos. Atualmente a empresa disponibiliza os produtos por importação direta pelo paciente final mediante autorização de importação da Anvisa.

De acordo com a decisão da agência reguladora, os produtos à base de canabidiol poderão ser vendidos em farmácias sob prescrição médica e retenção da receita. Assim, a comercialização por parte da empresa se dará tanto por representantes comerciais, quanto por distribuidoras e redes de farmácias de todo o País.

“Agora os pacientes poderão ter acesso a essa possibilidade terapêutica com garantia de qualidade, eficácia e segurança, por um preço muito mais acessível e sem toda a burocracia do procedimento atual”, comentou.

Mas os planos da multinacional vão além. Conforme Palhares, embora neste momento a produção vá ocorrer a partir de insumos importados, a intenção, no médio prazo, é fazer com que a verticalização integral de todas as etapas de produção, da semente à venda – seja em território nacional ou no exterior.

Vale lembrar que, além do registro e produção, também havia na Anvisa um projeto para liberação do plantio da cannabis no Brasil para uso exclusivamente medicinal. Porém, a proposta foi vetada. Paralelamente, o assunto segue sendo discutido no Congresso Nacional e poderá ganhar novos rumos neste exercício.

A Ease Labs tem escritórios em São Paulo, Belo Horizonte, Montevidéu (Uruguai) e parceria com grande laboratório produtor de insumos farmacêuticos nos Estados Unidos.