A enxaqueca, uma forma debilitante de cefaleia, aflige milhões de pessoas diariamente. Dados alarmantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a enxaqueca é a segunda maior causa de incapacidade global, afetando mais de 1 bilhão de pessoas. Curiosamente, esse tormento é mais prevalente entre as mulheres, atingindo de 20% a 30% delas, enquanto atinge 6% a 15% dos homens.

Segundo a Dra. Jackeline Barbosa, as flutuações hormonais emergem como um dos principais acontecimentos para a elevada incidência de enxaqueca nas mulheres.

"As flutuações hormonais são um dos principais fatores que afetam a maior incidência de enxaqueca em pacientes do sexo feminino. As mudanças nos níveis de estrogênio, que ocorrem durante o ciclo menstrual, gravidez, pós-parto e menopausa, podem desencadear enxaquecas. Muitas mulheres relatam cefaleia pré-menstrual ou durante a menstruação, quando os níveis de estrogênio estão aumentando", explica a Dra. Jackeline.

Além disso, o uso contínuo de pílulas anticoncepcionais hormonais pode exercer influência sobre os níveis hormonais das mulheres, aumentando, em alguns casos, a frequência das crises de enxaqueca. Isso ocorre devido à composição hormonal dessas pílulas, que pode impactar o equilíbrio dos neurotransmissores e a sensibilidade à dor.

A chamada cefaleia menstrual surge no período do ciclo menstrual, manifestando-se nos dias que antecedem a menstruação e, em alguns casos, persistindo nos primeiros dias do ciclo. Os sintomas se assemelham à enxaqueca em geral e podem incluir dor de cabeça unilateral, caráter pulsátil, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz e som, além de possíveis distúrbios visuais conhecidos como aura.

"Durante o ciclo menstrual, as variações hormonais, principalmente dos hormônios estrogênio e progesterona, podem desencadear ou influenciar a ocorrência de enxaquecas em mulheres predispostas. Dias antes da menstruação, os níveis de estrogênio diminuem de maneira significativa, e essa queda pode resultar em crises de enxaqueca. Já a progesterona tem ação crescente, aumentando os níveis. Essa mudança também pode influenciar na sensibilidade à dor, na inflamação e na função dos neurotransmissores", explica a médica.

Como o CDB e o THC podem auxiliar no alívio da enxaqueca?

De acordo com a ginecologista Mariana Prado, os analgésicos e anti-inflamatórios, bem como medicamentos prescritos para ansiedade, depressão ou insônia, atuam somente contendo os sintomas, mas não atuam sobre as causas.

Ela explica que, por muitas vezes, a ginecologia, "muito focada na alopatia, especificada anticoncepcionais hormonais para bloqueio de eixo, diga-se, bloqueio do ciclo menstrual com o intuito de cortar a menstruação, logo, a enxaqueca menstrual. Quando a terapia hormonal é usado de forma correta, entende-se que existe uma contraindicação a métodos combinados, com estrogênio, dando preferência a métodos apenas com progesterona (o estrogênio piora a crise enxaquecosa)."

No entanto, a orientação médica sobre o uso desses medicamentos que apresenta sintomatologia, mas podem produzir efeitos colaterais importantes, principalmente no uso específico de anti-inflamatórios ou nos riscos x benefícios de instalar uma terapia hormonal em preferência de métodos naturais.

"A enxaqueca menstrual pode ser tratada com a Cannabis justamente pelos potenciais analgésicos, anti-inflamatórios e sedativos. Bem como na melhora de transtornos de humor dependentes do ciclo menstrual (que tendem a piorar a cefaleia). Atuando na regulação do Sistema Endocanabinoide diretamente, existe outra vantagem: pouco ou nenhum efeito colateral para quem o utiliza, sem risco de adição", conclui.

Os benefícios fitoquímicos da cannabis

A enxaqueca, muitas vezes associada à ansiedade e comum nos períodos menstruais, tem despertado interesse na pesquisa médica. A farmacêutica Adriana Russowsky destaca os benefícios da cannabis para aliviar a dor.

"A enxaqueca é muitas vezes originária da ansiedade, inclusive, geralmente comum perto dos períodos menstruais. A Cannabis tem ação contra enxaqueca devido a alguns fitoquímicos de sua composição são analgésicos (antinocicepção) e antiinflamatórios: A utilização do CBD em enxaqueca crônica e em crises já vem sendo avaliado há alguns tempos, com estudos pré-clínicos e sendo uma terapia já com acesso fácil pela área médica.Alguns terpenos canábicos também apresentam esse potencial, como é o caso do pineno, beta cariofileno, mirceno, limoleno e linalol . Outras plantas ricas em diferentes fitoquímicos já são utilizadas contra dores de cabeça, como é o caso da Camomila (Matricaria). Já o THC até pode ajudar, mas depende muito de sua dosagem."

Adriana Russowsky destaca que o CBD (canabidiol), um dos componentes da Cannabis, tem sido objeto de estudos pré-clínicos para avaliar sua eficácia no tratamento da enxaqueca, tanto em crises agudas quanto em casos menos intensos.

Medical Cannabis Fair confirmada para os dias 23, 24 e 25 e maio de 2024 no Expo Center Norte/SP

Medical Cannabis Fair (MCF) – É a maior e principal feira do Brasil e da América Latina científico-profissional e B2B sobre o uso medicinal e industrial da cannabis. A MCF é direcionada para profissionais da área da saúde, agentes públicos, investidores e empresários. A feira ocorre paralelamente ao Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal, em São Paulo.