Atualmente, cerca de uma em cada três pessoas no mundo tem dificuldade para dormir, e 10% dos adultos atendem aos critérios de diagnóstico para insônia. Diante desse cenário, a cannabis medicinal surge como uma alternativa promissora. Estudos recentes, como uma meta-análise do Sleep Medicine Reviews e uma pesquisa do Imperial College London, já apontavam para a melhora na qualidade do sono e a redução da ansiedade com o uso de canabinoides.

Pensando em corroborar com as evidencias cientificas, o o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/Fiocruz) e a associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal (APEPI) se uniram para avaliar o uso de óleo de cannabis no tratamento de insônia refratária e ansiedade.

O estudo, conduzido pelos médicos Luiz Montes do Amaral, Raphael Steenhagen e Ernesto Faria, selecionou pacientes que já utilizavam benzodiazepínicos sem resultados eficazes. O projeto adotou uma abordagem holística, combinando o tratamento com práticas integrativas como aromaterapia, meditação e escuta terapêutica.

"Nos encontros quinzenais, desde o início, falávamos sobre o óleo, a questão do estigma e do preconceito, e a diferença entre remédio e o que é droga, para desmistificar um pouco", relata o Dr. Luiz Montes do Amaral, em publicação da APEPI.

100% dos pacientes dormiram melhor

Os dados coletados ao final do projeto foram extremamente positivos. Segundo os relatórios dos participantes, os resultados foram:

- 87,5% relataram redução no tempo para adormecer;

- 100% apontaram um aumento no tempo total de sono;

62,5% apresentaram melhora geral nos índices de qualidade de vida.

Óleo rico em THC e CBD

O óleo escolhido para o tratamento foi o Schanti, produzido pela APEPI. Ele é rico em canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC), uma combinação selecionada pela equipe médica devido às propriedades de cada componente.

"Entendemos que o THC tem bons resultados para a indução do sono, e o CBD tem melhores resultados para a questão da ansiedade. Então, a gente entendeu que o Schanti seria o melhor", destacou Dr. Luiz.

A prescrição foi supervisionada pela equipe, com ajustes de dose individuais a cada encontro. Para medir a eficácia, os 20 participantes responderam a questionários científicos sobre qualidade de vida e sono (Metodologia Pittsburgh) antes e depois do tratamento.

Com informações de APEPI