OMM confirma que 2024 é o ano mais quente já registado, cerca de 1,55°C acima do nível pré-industrial
Saiba como o cânhamo pode ajudar a minimizar os efeitos climáticos
Publicada em 12/01/2025
Imagem Ilustrativa: IA
O ano de 2024 consolidou-se como o mais quente da história registrada, marcando um aumento de 1,6°C na temperatura média global em relação aos níveis pré-industriais, segundo o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S). Essa é a primeira vez que o limite de 1,5°C, estabelecido pelo Acordo de Paris como o máximo tolerável para evitar impactos catastróficos, foi ultrapassado em um ano completo.
"A hora de agir é agora. Se você quer um planeta mais seguro, é nossa responsabilidade. É uma responsabilidade comum, uma responsabilidade global", disse Prof. Celeste Saulo, Secretária-Geral da OMM.
Os impactos desse aumento se materializaram em eventos extremos ao redor do mundo. Incêndios florestais devastaram áreas da América do Sul, Canadá e Europa, enquanto regiões como a Amazônia e o Pantanal enfrentaram secas severas. No Saara, chuvas torrenciais provocaram inundações, e furacões de força sem precedentes atingiram os Estados Unidos. Ondas de calor causaram milhares de mortes entre humanos e animais, destacando a gravidade da situação.
"Sabíamos que haveria recordes, mas é pior do que o previsto. O aquecimento está piorando mais rapidamente e ameaça tornar partes do planeta inabitáveis", afirmou Marcelo Seluchi, coordenador de operações do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em comunicado oficial da OMM.
Concentração de gases-estufa e calor oceânico
A tendência de aquecimento é impulsionada pelas concentrações recordes de gases de efeito estufa. Em 2024, os níveis de dióxido de carbono (CO₂) alcançaram 422 ppm, enquanto o metano (CH₄) atingiu 1.897 ppb, ambos os mais altos já registrados. O conteúdo de calor dos oceanos também bateu recordes, com temperaturas da superfície do mar alcançando 20,87°C, 0,51°C acima da média de 1991-2020. Segundo Carlo Buontempo, diretor do Copernicus, o aquecimento dos mares tornou-se uma fonte crítica de problemas climáticos, alimentando eventos como chuvas torrenciais.
Alerta global para ações climáticas
A secretária-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Celeste Saulo, enfatizou que mesmo um ano acima de 1,5°C não significa a quebra definitiva do limite do Acordo de Paris, que considera médias de longo prazo. "Cada fração de grau importa. Seja abaixo ou acima de 1,5°C, cada incremento agrava os impactos em nossas vidas, economias e ecossistemas", destacou.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, convocou líderes globais a apresentarem novos planos climáticos em 2025 para limitar o aquecimento e proteger os mais vulneráveis. "Ainda há tempo para evitar o pior da catástrofe climática, mas os líderes precisam agir agora", declarou.
O relatório completo da OMM, com indicadores detalhados de mudança climática e eventos de alto impacto, será publicado em março de 2025. Enquanto isso, a realidade climática de 2024 serve como um alerta urgente para ações pioneiras que mitiguem os impactos crescentes do aquecimento global.
O cânhamo e os impactos climáticos
O cânhamo industrial, planta de múltiplas aplicações, surge como uma solução inovadora para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, segundo o relatório Cânhamo: A Commodity do Futuro, do Instituto Ficus. A planta oferece benefícios ecológicos significativos, como alta captura de carbono, regeneração de solos degradados e baixo consumo de água, posicionando-se como uma cultura-chave para um futuro sustentável.
Benefícios ecológicos e impacto ambiental
De acordo com o estudo, o cânhamo é capaz de capturar até 16 toneladas de CO₂ por hectare ao ano, superando culturas tradicionais como a soja. Além disso, suas raízes profundas melhoram a fertilidade do solo e previnem a erosão, enquanto sua resistência natural a pragas reduz a necessidade de pesticidas.
“O cânhamo combina vantagens ecológicas e econômicas, podendo contribuir para práticas agrícolas regenerativas e redução da pegada de carbono das indústrias”, explica Regina Rodrigues, especialista em Clima e Oceanografia.
Aplicações sustentáveis em diversas indústrias
O cânhamo pode ser utilizado em bioplásticos, construção civil, fibras têxteis e até biocombustíveis, promovendo a substituição de materiais de alto impacto ambiental. O relatório destaca que países como China, Canadá e França já integram o cânhamo em suas estratégias industriais sustentáveis, enquanto o Brasil apresenta potencial inexplorado devido a barreiras regulatórias.
Oportunidade para o Brasil
Com sua vasta extensão territorial e condições climáticas favoráveis, o Brasil poderia liderar o mercado global de cânhamo, aproveitando áreas degradadas para cultivo sem necessidade de desmatamento. Além disso, o cânhamo pode impulsionar a agricultura familiar e atrair investimentos em tecnologias verdes.
Contudo, para que os benefícios se concretizem, é essencial superar desafios legais e regulamentar o cultivo da planta. Segundo o presidente do Instituto Ficus, Bruno Pegoraro, “é preciso alinhar políticas públicas para consolidar o cânhamo como uma commodity estratégica e sustentável.”