Relatório aponta cânhamo industrial como solução sustentável e estratégica para o Brasil
Instituto Ficus apresenta estudo que revela o potencial econômico, ecológico e social do cânhamo, destacando barreiras e oportunidades para o mercado nacional.
Publicada em 21/12/2024
Imagem Ilustrativa: IA
O Instituto Ficus lançou o relatório "Cânhamo: a Commodity do Futuro", que posiciona o cânhamo industrial como uma das principais oportunidades para o desenvolvimento econômico sustentável do Brasil. Com análises globais, dados inéditos e projeções até 2045, o estudo destaca como essa planta pode transformar indústrias, gerar empregos e ajudar o país a se tornar referência no mercado internacional.
Potencial global do cânhamo
Reconhecido como uma cultura estratégica em mais de 60 países, o cânhamo industrial está em crescimento acelerado. Dados do relatório apontam que:
- O mercado global movimentou cerca de US$ 7 bilhões em 2023 e deve atingir US$ 25 bilhões até 2033, com crescimento anual de até 24,5%.
- As fibras de cânhamo, usadas em setores como construção e bioplásticos, tiveram um aumento de 32% nas importações europeias entre 2014 e 2023.
21 países produziam fibras de cânhamo em 2021, segundo a FAO, com a China e a França liderando o mercado.
Oportunidade estratégica para o Brasil
Com condições climáticas favoráveis, o Brasil tem grande potencial para liderar o mercado de cânhamo, mas enfrenta desafios como a falta de regulamentação e infraestrutura. O estudo revela que:
- O cânhamo pode regenerar até 28 milhões de hectares de pastagens degradadas, segundo a Embrapa.
- A planta consome 75% menos água que o algodão e captura até 16 toneladas de CO₂ por hectare ao ano, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.
- A demanda nacional por produtos à base de cânhamo, como o CBD, cresceu 124% entre 2023 e 2024.
Desafios e recomendações
O relatório aponta barreiras importantes, como o estigma cultural e a ausência de regulamentação clara, mas propõe soluções para destravar o potencial do cânhamo no Brasil:
- Regulamentação: autorizar o cultivo industrial com limites de THC de até 0,3%, alinhado aos padrões globais.
- Pesquisa e desenvolvimento: adaptar sementes ao clima local e desenvolver tecnologias de processamento.
- Infraestrutura: criar linhas de crédito e implementar centros regionais de beneficiamento.
- Educação e conscientização: combater preconceitos e promover o cânhamo como cultura sustentável.
"A regulamentação do cânhamo é uma demanda urgente. O Brasil tem condições ideais para liderar esse mercado, mas precisa de políticas claras e incentivo ao desenvolvimento da cadeia produtiva", afirmou Bruno Pegoraro, presidente do Instituto Ficus.
Benefícios socioeconômicos e ambientais
Além de suas aplicações industriais, o cânhamo pode fortalecer a economia verde e fomentar práticas ESG no Brasil. Entre os benefícios estão:
- Geração de empregos locais, com inclusão de pequenos e médios produtores.
- Redução do impacto ambiental, com cultivos de baixo consumo de água e capacidade de regeneração de solos.
- Produção de alimentos funcionais, como sementes ricas em proteínas e gorduras saudáveis, ideais para mercados veganos e de saúde.
Contexto favorável para regulamentação
O lançamento do relatório ocorre em um momento estratégico, logo após a decisão do STJ que determinou à Anvisa regulamentar o cultivo de cânhamo para fins medicinais no Brasil. Para o presidente do Instituto Ficus, Bruno Pegoraro, o país está em uma encruzilhada decisiva: “O Brasil tem todas as condições para ser um líder global, mas precisa avançar na regulamentação e na construção de uma cadeia produtiva robusta.”
Com informações detalhadas sobre o mercado global, cenários para o Brasil e recomendações práticas, o relatório visa catalisar ações e diálogos entre setor público e privado para posicionar o país como um player relevante no mercado internacional de cânhamo.
Acesse o relatório completo em www.institutoficus.org.