Associações são destaque de reunião da Frente Parlamentar de Cannabis Medicinal e Cânhamo Industrial de Pernambuco

OAB, Defensoria Pública e Centro de Prevenção às Dependências também participarão da sessão

Publicada em 29/08/2024

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Robson Freire, presidente da Medical Agreste durante a reunião. Imagem: Nando Chiapetta/Alepe

Durante reunião da Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial, representantes de associações canábicas de Pernambuco compartilharam as dificuldades enfrentadas e os avanços significativos no campo da cannabis medicinal. O encontro, realizado na segunda-feira (26) na Assembleia Legislativa do Estado, foi mediado pelo deputado João Paulo, autor do Projeto de Lei nº 1003/2024, que propõe a criação de uma política estadual para o fornecimento gratuito de medicamentos e derivados de cannabis para uso medicinal.

Hélida Lacerda, presidente da Aliança Medicinal, que atualmente atende mais de seis mil famílias, iniciou a discussão apontando a importância das associações. "As associações surgiram por necessidade. Enfrentamos muito preconceito e julgamento. Lutamos contra a criminalização e, hoje, temos uma autorização judicial para cultivar cannabis no Brasil".

 

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Helida Lacerda, presidente da Alinaça Medicinal, durante a reunião. Imagem: Nando Chiappetta/Alepe

 

Diogo Dias, presidente da AMME Medicinal, destacou os avanços na pauta da cannabis: "Vimos tempos em que não havia profissionais prescritores. Hoje, estamos adquirindo equipamentos, oferecendo qualificações e disponibilizando expertise de forma que, em qualquer lugar do país, quem queira abrir uma associação possa 'pular etapas'". Segundo Dias, todos os documentos e processos internos da associação, desde a produção até a distribuição dos remédios, são públicos e podem ser compartilhados livremente.

Robson Freire, presidente da Medical Agreste, relatou os convites recebidos para ocupar espaços e realizar palestras sobre cannabis em igrejas e na Polícia Militar de Pernambuco. Ele também ressaltou a importância dos ativistas e da Marcha da Maconha, que trouxeram a cannabis para o centro do debate, além de mencionar a votação no STF para descriminalizar o uso da planta.

O advogado Pedro Lopes, representante do Instituto de Pesquisas Sociais e Econômicas da Cannabis (Instituto Ficus), e Karla Baêta, diretora da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), enfatizaram a necessidade de regulamentar a produção e distribuição de cannabis, afirmando que é possível criar regulamentações eficazes no Brasil.

Durante a sessão aberta, Érica Moury, 48 anos, servidora pública aposentada e diagnosticada com uma doença rara degenerativa, compartilhou seu relato: "Entendo de dor; desde 2014, usei diversos medicamentos, mas nenhum ajudava, a dor não passava. Cheguei a pensar em suicídio. Quinze dias após iniciar o uso de cannabis, minha vida mudou; as dores diminuem cada vez mais, o canabidiol realmente faz efeito".

 

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Érica Moury durante a reunião. Imagem: Nando Chiappetta/Alepe

 

"Na minha comunidade, temos pacientes que chegam a tomar até 70 comprimidos por dia, o desespero é enorme. Muitos têm medo, pois os médicos não aceitam e têm preconceito contra a cannabis", acrescentou Érica. Outros pacientes também relataram como a cannabis melhorou sua qualidade de vida e enfatizaram a necessidade de democratizar o acesso aos medicamentos à base da planta, apoiando as associações de cannabis e sua distribuição pelo SUS.

A reunião contou ainda com a participação de membros da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE), da Defensoria Pública de Pernambuco (DPPE) e do Centro de Prevenção às Dependências, entre outras entidades.