Brasil trava o futuro da cannabis? Especialistas discutem o atraso e os caminhos para destravar o potencial do país

No Deusa Cast #46, especialistas como Jaime Ozi analisam os entraves que impedem o Brasil de avançar na regulamentação da cannabis e mostram o impacto da falta de pesquisa, educação médica e acesso

Publicada em 25/10/2025

 Brasil trava o futuro da cannabis? Especialistas discutem o atraso e os caminhos para destravar o potencial do país

Em entrevista ao Deusa Cast, Jaime Ozi analisa como a falta de informação e a lentidão na regulamentação têm impedido o Brasil de assumir o protagonismo no mercado da cannabis | Foto: Sechat

O Brasil vive um impasse que parece não ter fim: de um lado, o avanço das resoluções da Anvisa que garantem segurança e qualidade aos pacientes; de outro, a lentidão para liberar o cultivo e a pesquisa científica com cannabis. No episódio #46 do Deusa Cast, o consultor canábico Jaime Ozi destacou que, apesar de o país ser visto como referência global no uso medicinal, ainda está preso a uma mentalidade restritiva que impede o desenvolvimento pleno do setor.


“O Brasil cada vez mais se destaca como uma referência global no uso de cannabis medicinal, muito ligado à legislação criada pela Anvisa e à exigência de prescrição médica. Mas isso não é suficiente. Nós demos um passo importante, agora precisamos convencer outros segmentos”, afirmou Ozi.


Segundo o especialista, instituições de pesquisa como a Embrapa já demonstram interesse em estudar o cânhamo e suas aplicações no agronegócio, mas ainda esbarram em limitações legais que impedem o plantio até mesmo para fins científicos. “É contraditório dizer que não há pesquisa enquanto não se estimula ou permite que ela aconteça”, reforçou.


Educação médica e mentalidade: os verdadeiros entraves


Para Ozi, o maior obstáculo à consolidação da cannabis no país não é jurídico, mas educacional e cultural. Ele lembrou que o sistema endocanabinoide, responsável por regular funções vitais como sono, humor e imunidade, ainda não faz parte da formação médica básica. “Temos quase 600 mil médicos no Brasil, mas apenas uma pequena parcela realmente compreende o potencial da cannabis. O preconceito dentro da própria classe médica continua sendo uma das maiores barreiras”, destacou.


O consultor também ressaltou que essa falta de preparo impacta diretamente quem mais precisa: os pacientes. “Enquanto debatemos burocracias, há famílias lutando todos os dias para garantir acesso ao tratamento. São mães, pais, cuidadores que veem na cannabis uma alternativa eficaz e segura, mas ainda enfrentam um caminho longo até o alívio".


O debate promovido pelo Deusa Cast, que contou também com a participação da jornalista Luiza Silveira (Globo Rural) e do consultor canábico Marcelo Grecco, reforça que a pauta da cannabis no Brasil vai muito além de economia e regulamentação: trata-se de ciência, empatia e vontade política. E, como alertam os especialistas, o futuro do país nesse mercado, que movimenta bilhões pelo mundo, depende da capacidade de romper preconceitos e apostar em informação e pesquisa.


Assista abaixo o apontamento do consultor canábico: