Canabidiol reduz convulsões em adultos com epilepsia resistente a medicamentos

Revisão sistemática e meta-análise destacam eficácia do CBD como terapia adjuvante

Publicada em 25/02/2025

capa

Imagem ilustrativa: Canva.

Um estudo feito por pesquisadores da Malásia e da Áustria, publicado este ano no periódico Therapeutic Advances in Neurological Disorders, investigou o uso do canabidiol (CBD) como tratamento complementar para adultos com epilepsia resistente a medicamentos (ERM). A pesquisa analisou 16 estudos, envolvendo um total de 668 participantes, e mostrou que o CBD, quando usado junto com os remédios anticonvulsivantes tradicionais, ajudou a reduzir significativamente a frequência das convulsões em comparação com um placebo.

 

Como o estudo foi conduzido?

 

Os pesquisadores seguiram rigorosos critérios científicos para garantir a confiabilidade dos resultados. Eles analisaram estudos clínicos randomizados, pesquisas de coorte prospectivas e programas de acesso expandido sobre o uso do CBD em adultos com ERM. Para isso, fizeram buscas em bases de dados médicas renomadas, como Ovid MEDLINE e Scopus, até agosto de 2023. A análise dos dados utilizou modelos estatísticos avançados para avaliar a diferença na frequência das convulsões entre os pacientes que tomaram CBD e os que receberam placebo.

 

O que os resultados indicam?

 

Os dados mostraram que o CBD teve um impacto positivo na redução das crises epilépticas. A meta-análise indicou uma diferença média padronizada de −1,50 (IC de 95%: −3,47 a 0,47; p < 0,01), confirmando a diminuição significativa da frequência das convulsões. Todos os estudos analisados usaram o CBD como um complemento aos tratamentos convencionais, sugerindo que ele pode potencializar os efeitos dos anticonvulsivantes. No entanto, os especialistas ressaltam que são necessários mais estudos para confirmar esses achados e garantir a segurança do tratamento a longo prazo.

 

Dosagem e possíveis efeitos colaterais

 

A quantidade de CBD administrada variou de estudo para estudo, com doses iniciais a partir de 2,5 mg por kg de peso corporal por dia. Dependendo da resposta do paciente, a dose podia ser aumentada gradualmente até um máximo de 50 mg/kg/dia. Os efeitos colaterais mais comuns foram sonolência e fadiga, especialmente em pacientes que também usavam clobazam, um medicamento frequentemente prescrito para epilepsia. Essa interação ocorre porque o CBD pode aumentar os níveis desse remédio no sangue, tornando seus efeitos mais intensos. Por isso, médicos recomendam um acompanhamento cuidadoso ao iniciar o tratamento com CBD.

 

Outras vantagens do CBD no tratamento da epilepsia

 

Além da redução das convulsões, alguns estudos sugerem que o CBD pode trazer outros benefícios para pacientes com epilepsia resistente a medicamentos. Há evidências de que ele pode melhorar a qualidade do sono e reduzir a ansiedade, fatores que podem influenciar a frequência das crises epilépticas. Pacientes também relataram uma melhora na cognição e no bem-estar geral, embora esses efeitos ainda precisem ser mais estudados cientificamente.

 

Segurança e regulamentação do CBD

 

O uso do CBD para tratar epilepsia já foi aprovado em diversos países, incluindo o Brasil, onde a Anvisa permite a prescrição de produtos à base de canabidiol para casos de epilepsia refratária. No entanto, seu uso ainda precisa ser feito com acompanhamento médico, pois a resposta ao tratamento pode variar de pessoa para pessoa. Além disso, a interação com outros medicamentos deve ser sempre considerada para evitar efeitos adversos.

Os estudos mostram que o CBD pode reduzir a frequência das convulsões e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, especialmente quando combinado com tratamentos convencionais.