Cannabis no Brasil: entre raízes históricas e espiritualidade ancestral
Entre relatos históricos, registros xamânicos e o olhar científico, a cannabis revela sua trajetória no Brasil como símbolo de resistência, cura e espiritualidade
Publicada em 10/09/2025

Na tradição xamânica africana, alguns povos eram transformados em seres metade humanos, metade golfinhos, portadores de conhecimentos de outros mundos | Ilustração: IA
A trajetória da cannabis no Brasil mistura história, resistência e espiritualidade. O historiador Luiz Fernando Petty, formado pela Unicamp e pesquisador do tema há 15 anos, lembra que não há registros oficiais sobre a chegada da planta, mas existem relatos curiosos.
Segundo Petty, existem vários relatos, como o de Gilberto Freyre, mas que não têm nenhum registro histórico. "Nas capitanias do Nordeste, onde tinham as plantações de canabis, diz o Gilberto Freyre que é possível ver manchas verde escuro e manchas verde claro. Que seriam plantações de tabaco, que era um vício elegante da época, e plantações de maconha".
Petty complementa que "até hoje o que a gente sabe que a maconha chega no Brasil pelos europeus, maroinheiros e empreendimentos da coroa portuguesa, no caso o cânhamo", diz Petty.
Durante o evento Deusa, a dentista canábica Joyce Bernardo, que há três anos se dedica ao tema, trouxe uma perspectiva espiritual e ancestral da planta. Ela contou que, em um livro xamânico, há a história de um povo africano que se transformava em seres encantados, sendo metade humano e metade golfinho, que traziam informações privilegiadas de fora da Terra. "Em pinturas rupestres tem o registro de uma folhona que conseguem desenhar mostrando a geometria sagrada da folha e tudo que aquela folha representava. Hoje a gente acha que é algo muito novo, mas nas pinturas rupestres tinha uma folha de cannabis que já tinham o conhecimento que seria um planta de cura e uma planta de conhecimento espiritual".
No episódio desta semana, abordamos a importância da redução de danos no consumo de cannabis, especialmente no que diz respeito à saúde bucal. O uso da planta por meio da combustão — como cigarros ou baseados — pode gerar riscos como inflamação gengival, cáries, ressecamento da boca e aumento da incidência de doenças periodontais.
Discutimos alternativas que minimizam esses efeitos, como vaporizadores, óleos e outros métodos de administração, além de práticas de higiene bucal adequadas. A ideia é que o consumo da cannabis possa ser mais seguro e consciente, sem abrir mão dos benefícios terapêuticos ou recreativos da planta.
Nosso objetivo é informar e educar, mostrando que a redução de danos não é apenas uma questão de saúde, mas também de responsabilidade e autocuidado.
Veja o episódio completo: