Com demanda crescente por bem-estar, mercado de cannabis na Austrália deve triplicar até 2030

O mercado legal de cannabis na Austrália deve crescer mais de 230% até 2030, impulsionado pela demanda por CBD de baixa dosagem, regulação favorável e investimentos em inovação e produção local

Publicada em 06/06/2025

Com demanda crescente por bem-estar, mercado de cannabis na Austrália deve triplicar até 2030

Austrália mira liderança em cannabis legal com crescimento acelerado e inovação no setor | Imagem: CanvaPro

Pense comigo: viver num país onde a cannabis medicinal seja parte do cotidiano de bem-estar das pessoas? Pensou? Pois é,  esse é o cenário que começa a se concretizar na Austrália, à medida que o país projeta um salto significativo em seu mercado legal de cannabis até 2030, e com um detalhe importante: tudo isso impulsionado, sobretudo, pela demanda crescente por CBD de baixa dosagem.


Segundo o novo Relatório de Previsão do Mercado de Cannabis Legal na Austrália 2025-2030, o setor, que movimentou cerca de US$ 126 milhões em 2024, deve ultrapassar a marca de US$ 420 milhões até o final da década, com uma taxa de crescimento anual de mais de 22%. Mas por trás desses números estão políticas públicas progressistas, investimento em pesquisa e, acima de tudo, pessoas em busca de qualidade de vida.


CBD leve, acesso descomplicado e bem-estar como prioridade


Desde que a Administração de Produtos Terapêuticos (TGA) reclassificou o CBD de baixa dosagem como substância da Lista 3, ou seja, com potencial para ser vendida sem receita médica, um novo capítulo começou a se desenhar no mercado australiano. 


Ainda que nenhum produto desse tipo tenha sido aprovado até agora, a mudança já sinaliza algo promissor: o desejo de tornar os produtos à base de cannabis mais acessíveis a quem busca tratar questões como ansiedade leve, insônia e desconfortos cotidianos, sem necessariamente recorrer a medicamentos pesados.


Esse movimento reflete uma tendência global de autocuidado, onde os consumidores preferem soluções naturais e autogerenciadas. Empresas do setor, por sua vez, vêm respondendo com investimentos em pesquisas e formulações padronizadas, seguras e eficazes.


Um ambiente regulatório que favorece o avanço


A jornada da Austrália com a cannabis medicinal começou oficialmente em 2016, e desde então o país se destaca por manter uma abordagem estruturada e transparente. As ações da TGA e do Escritório de Controle de Drogas (ODC) têm sido fundamentais para viabilizar o acesso legal, via esquemas como o SAS (Esquema de Acesso Especial) e a Prescrição Autorizada.


O relatório aponta que o ambiente político continua favorável, com incentivos que estimulam tanto o mercado interno quanto a inovação farmacêutica voltada à exportação. O resultado? Um ecossistema que atrai investimentos, promove a pesquisa clínica e fortalece a presença australiana no cenário global da cannabis.


Produção nacional em alta, mas desafios persistem


Com o aumento da demanda e a diversificação de produtos tanto de óleos quanto de cápsulas, a produção local ganha força. Empresas estão investindo em estufas, cultivo controlado e infraestrutura de processamento para reduzir a dependência de importações e baratear os custos.


No entanto, esse ainda é um dos pontos sensíveis. O alto custo de produção da cannabis medicinal, que exige tecnologia avançada e rígidos padrões de qualidade, eleva os preços ao consumidor final. E como o tratamento não é coberto pelo Plano de Benefícios Farmacêuticos (PBS), muitos pacientes enfrentam dificuldades para manter o uso contínuo.


Além disso, a pouca familiaridade de parte dos profissionais de saúde com os protocolos canábicos ainda impõe uma barreira ao acesso. Navegar pelo sistema regulatório para obter uma prescrição pode ser complexo, especialmente para quem já está lidando com uma condição debilitante.


Apesar dos obstáculos, a Austrália está cada vez mais bem posicionada como um polo de inovação e exportação no universo da cannabis legal. Com o apoio de entidades reguladoras, profissionais da saúde e empresas comprometidas com a qualidade, o país amplia sua presença em diversas frentes: medicinal, industrial e talvez até recreativa.


Entre os principais players citados no relatório estão empresas como Cann Group Limited, Zelira Therapeutics, Bod Austrália, Althea Group e Incannex, que já atuam ativamente no desenvolvimento de soluções canábicas.