Polacow: O acesso à cannabis medicinal no Brasil exige mudanças urgentes na regulamentação

Em entrevista exclusiva, o Dr. Marcelo Polacow Bisson, 2º presidente do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP) aborda alguns desafios regulatórios e sobre a ampliação do acesso à cannabis medicinal no Brasil, incluindo capacitação farmacêutica e avanços esperados até 2025

Publicada em 05/12/2024

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Imagem Ilustrativa: IA

A cannabis medicinal desponta como uma alternativa terapêutica promissora no Brasil, mas enfrenta barreiras regulatórias que limitam seu amplo acesso. Em entrevista exclusiva ao Sechat, o farmacêutico e PhD Dr. Marcelo Polacow Bisson, atual 2º presidente do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP), falou sobre os desafios e caminhos para tornar essa realidade mais acessível e segura.

Uma das mudanças mais urgentes para ampliar o acesso à cannabis medicinal no Brasil está na atualização da RDC nº 327/19, norma que regulamenta o registro e a comercialização de produtos à base de cannabis.

Segundo Polacow, essa atualização é crucial para garantir maior acessibilidade e assegurar a qualidade dos produtos disponíveis no mercado. “O CRF-SP tem atuado ativamente em todas as discussões, desde reuniões e consultas públicas até eventos do setor”, explica.

Ele informou também que o trabalho do Grupo Técnico de Cannabis Medicinal do CRF-SP tem sido essencial para fomentar diálogos entre diferentes setores da saúde, “contribuindo com a construção de políticas públicas sólidas e inclusivas à sociedade”.

 

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Marcelo Polacow Bisson, farmacêutico e PhD, é o atual 2º presidente do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP) | Foto: arquivo pessoal.

Capacitação farmacêutica: uma ponte para o futuro

A prática farmacêutica tem um papel central na popularização do uso da cannabis medicinal. De acordo com o Dr. Polacow, a capacitação dos profissionais é um dos pilares para o avanço seguro dessa terapia. 

“Os farmacêuticos precisam dominar não apenas os aspectos técnicos e científicos da medicina endocanabinoide, mas também as nuances regulatórias, a orientação de pacientes, a análise de interações medicamentosas e a escolha do produto ideal”, pontua.

Para isso, recursos tecnológicos e investimentos em pesquisa são fundamentais, permitindo que os farmacêuticos estejam à frente das inovações no setor.

O que esperar em 2025?

Quando questionado sobre os avanços esperados na medicina endocanabinoide nos próximos anos, Polacow foi otimista. “Até 2025, veremos um aumento significativo na pesquisa científica, avanços tecnológicos, maior uso terapêutico da cannabis e a integração com inteligência artificial (IA) para personalizar tratamentos. Além disso, a ampliação das indicações terapêuticas será um divisor de águas para pacientes e profissionais”, contextualiza.

Sabemos que a popularização do uso medicinal da cannabis não só amplia as opções terapêuticas, como também gera reflexos profundos na saúde pública. Polacow ainda ressalta: “na parte clínica, a formação e capacitação dos profissionais precisam ser constantes para garantir seu uso responsável”.

 

O papel do Conselho Federal de Farmácia

Desde 2015, o Conselho Federal de Farmácia (CFF-SP) tem trabalhado para promover um acesso ético e igualitário à cannabis medicinal. “Nosso compromisso é garantir que a cannabis medicinal seja acessível de forma segura, priorizando o bem-estar dos pacientes”, reforça Polacow.

Com um cenário de avanços regulatórios e capacitação profissional, o Brasil tem o potencial de se tornar um exemplo na integração da cannabis medicinal ao sistema de saúde. Mas, como destaca o Polacow, esse progresso depende de esforços conjuntos para superar desafios e promover um acesso mais igualitário. “A jornada não é simples, mas estamos caminhando na direção certa”, finaliza.