Crimes ligados à cannabis caem 80% na Alemanha após descriminalização
Relatório oficial mostra que a política de descriminalização já traz resultados expressivos, com redução histórica nos delitos relacionados à planta
Publicada em 08/10/2025

O estudo mostra que a reforma reduziu danos, manteve o consumo estável e abriu caminho para uma política de drogas mais humana e baseada em evidências | CanvaPro
Um ano depois da descriminalização da cannabis na Alemanha, a ciência começa a contar a história por trás dos números. O primeiro relatório provisório da EKOCAN - consórcio acadêmico independente que avalia a Lei de Consumo de Cannabis (Konsumcannabisgesetz, KCanG), revela os primeiros resultados dessa mudança histórica.
Conduzido por equipes das universidades de Hamburgo, Düsseldorf e Tübingen, o estudo reúne dados de 12 pesquisas e 20 fontes oficiais para compreender os impactos na saúde pública, na proteção de menores e na criminalidade.
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As conclusões são claras: os crimes relacionados à cannabis caíram drasticamente e o consumo entre adultos permaneceu estável, sinalizando que a política alemã segue um caminho baseado em evidências, diálogo e redução de danos.
Redução expressiva na criminalidade
De acordo com o relatório, as estatísticas policiais registraram mais de 100 mil casos a menos de crimes ligados à cannabis em 2024, em comparação a 2023. O declínio geral, estimado entre 60% e 80%, está diretamente relacionado à eliminação de infrações vinculadas ao simples consumo.
Segundo o coordenador do projeto, a análise reuniu 12 pesquisas e 20 fontes de dados de rotina, oferecendo uma visão abrangente dos impactos da reforma sobre saúde, proteção infantil e sistema de justiça.
Consumo estável e novos desafios regulatórios
Os dados indicam que não houve mudanças abruptas no consumo entre adultos, mantendo-se a tendência gradual observada desde 2011. Entre adolescentes, o uso segue em queda desde 2019, acompanhado por menos encaminhamentos a serviços de aconselhamento juvenil. O monitoramento de águas residuais em onze cidades confirmou a ausência de aumento repentino no consumo.
Apesar dos avanços, o relatório aponta desafios na regulamentação: os clubes de cultivo atenderam menos de 0,1% da demanda estimada em 2024, enquanto a cannabis medicinal representou entre 12% e 14% do total.
A EKOCAN estima que 5,3 milhões de adultos consumiram cannabis no país naquele ano. O consórcio defende que, para enfraquecer o mercado ilegal, será necessário ampliar o acesso aos clubes e aprimorar os mecanismos de fornecimento.
O panorama traçado pelo estudo indica que a descriminalização reduziu danos e liberou recursos do sistema de justiça criminal, consolidando a Alemanha como exemplo de política de drogas baseada em evidências e saúde pública.
Com informações de Cañamo.