Em abril de 2024, a Alemanha legalizou a cannabis para uso recreativo, tornando-se o maior país da Europa a adotar essa política. A legalização foi um marco simbólico e econômico: representa um passo importante na regulamentação da cannabis em um continente que, embora avance lentamente, já mostra sinais de maturidade no setor.

Atualmente, 28 países da União Europeia têm alguma forma de legalização da maconha, seja para uso medicinal ou adulto. No entanto, o mercado europeu de cannabis ainda é considerado pequeno, com vendas projetadas em cerca de US$ 1,2 bilhão em 2024, segundo relatório da Prohibition Partners. A previsão é que esse número chegue a US$ 6 bilhões até 2034, um crescimento de mais de 400%.

A Alemanha, maior economia da UE, também lidera em volume de vendas legais de cannabis. Em 2023, movimentou cerca de US$ 500 milhões, e a expectativa é que esse número chegue perto de US$ 1 bilhão até o final de 2025. Com a legalização do uso adulto, a Alemanha permitiu a posse de até 50 gramas e o cultivo de três plantas por residência, além da criação de clubes sociais sem fins lucrativos.

Cannabis na Europa: uso adulto ainda é restrito

Malta: Em 2021, Malta se tornou o primeiro país da União Europeia a legalizar a cannabis para uso pessoal. É permitido cultivar até quatro plantas por domicílio. A venda é feita por cooperativas sem fins lucrativos, modelo diferente do encontrado nos Estados Unidos.

Luxemburgo: Legalizou o uso adulto em 2023. O país permite o cultivo doméstico sob regras estritas, mas ainda proíbe a venda comercial. A cannabis medicinal está autorizada desde 2018.

Alemanha: Além da recente legalização do uso adulto, o país mantém um sistema robusto de cannabis medicinal, permitindo a prescrição por médicos e venda em farmácias.

Uso medicinal da cannabis: Europa avança com diferentes modelos

Na Europa, o uso medicinal da cannabis está regulamentado em diversos países, mas com níveis de acesso variados. Em geral, a venda ocorre em farmácias, com exigência de prescrição médica.

Alguns países, como Chipre, permitem apenas óleo de cannabis. A Dinamarca permite medicamentos farmacêuticos como o Sativex, mas também formas botânicas de maconha em um programa piloto. O programa do Reino Unido permite a venda de flores.

Outros países também tem programas com fins medicinais ativos: República Tcheca; França (programa piloto até março de 2026); Grécia; Itália; Macedônia do Norte; Noruega; Portugal; Romênia (somente baixo THC); Suíça e Ucrânia.

Descriminalização da cannabis: países com políticas mais brandas

Há quatro países na UE que descriminalizaram amplamente a maconha. O maior é a Espanha, que possui clubes sociais e permite cultivo autorizado para exportação. A Holanda, famosa por suas "cafeterias", adota política de "tolerância". Já a Estônia e a Eslovênia possuem políticas de descriminalização mais recentes.  

Medicamentos canabinoides: outra categoria na Europa

Produtos farmacêuticos feitos com THC ou CBD — como Sativex e dronabinol — são permitidos em diversos países europeus, mas se diferenciam dos produtos de cannabis in natura. São altamente regulados e exigem prescrição.

Países com autorização para medicamentos canabinoides: Áustria; Bélgica; Croácia; Finlândia; Irlanda; Liechtenstein e Polônia.

Cannabis ainda é ilegal em parte da Europa

Apesar dos avanços, a cannabis segue sendo ilegal, tanto para uso adulto quanto medicinal, em muitos países da Europa. Confira os locais onde a planta ainda é considerada droga proibida:

- Andorra

- Bulgária

- Bósnia e Herzegovina

- Bielorrússia

- Hungria

- Islândia

- Kosovo

- Lituânia

- Letônia

- Mônaco

- Moldávia

- Montenegro

- São Marino

- Sérvia

- Eslováquia

- Suécia

Perspectivas para o mercado de cannabis na Europa

Enquanto os Estados Unidos registraram US$ 32 bilhões em vendas legais de cannabis em 2023, o mercado europeu ainda se compara ao de um único estado americano, como Nova Jersey. No entanto, a perspectiva de crescimento e o ambiente regulatório favorável em países como Espanha e Portugal estão atraindo grandes investimentos.

Empresas internacionais têm apostado pesado no setor, enxergando na Europa uma oportunidade de longo prazo para a expansão da indústria global da cannabis.

Com informações de Forbes