Do laboratório à sala de aula: cannabis medicinal chega à formação acadêmica
A iniciativa prepara futuros profissionais da saúde com prática, ciência e responsabilidade
Publicada em 04/09/2025

Parceria entre ABECMED e universidades abre espaço para ensino da cannabis no Brasil | Foto: Divulgação/Abecmed
Na Farmácia, ciência e cuidado se encontram. Nesse contexto, a UniRios desenvolveu uma atividade prática voltada para alunos do curso de Farmácia, com foco em processos de manipulação e extração de óleos à base de fitocanabinoides. Membros de uma associação ligada à cannabis medicinal visitaram a farmácia da instituição, em Paulo Afonso (BA), para acompanhar de perto as etapas realizadas em ambiente acadêmico como parte da formação prática dos estudantes.
Para Alexandre Assis, que participou da atividade, oferecer essa vivência é essencial. “Ao manipular e extrair a cannabis, os alunos compreendem a planta desde a sua origem até a transformação em extrato. Isso os coloca em contato real com um conhecimento técnico que o mercado já exige”, afirma o diretor da ABECMED.
Formação que acompanha o futuro
A parceria entre instituições e associações é vista como caminho para romper barreiras e ampliar horizontes. “Quando abordamos desde a fisiologia vegetal até a diluição do medicamento, estamos formando profissionais capazes de olhar para o tema com responsabilidade e ciência”, explica. Essa visão abrangente, segundo ele, prepara jovens farmacêuticos e outros profissionais da saúde para se tornarem multiplicadores de conhecimento, aptos a lidar com a crescente demanda por cannabis medicinal no Brasil e no mundo.

Assis conta que avança em conversas com cursos de Odontologia, Fisioterapia, Enfermagem, Medicina, Psicologia e até áreas como Direito e Química. O objetivo é integrar o estudo da cannabis em diferentes formações, conectando prática e pesquisa a um debate que ainda enfrenta preconceitos.
Superar barreiras, abrir caminhos
Apesar dos avanços, ele lembra que o maior desafio ainda é jurídico. “Por incrível que pareça, a lei trata um medicamento com preconceito, enquanto permite o consumo de álcool e ultraprocessados. O resultado é que ficamos atrás de países como Paraguai, Argentina e Colômbia, que já avançaram nesse campo”, reflete.
Ainda assim, o movimento não para. Além da experiência na UniRios, a ABECMED já firmou acordo com a Universidade Estadual da Bahia (UNEB), desenvolve análises na UFSC, mantém projetos com a UNICAMP e, junto à UFABC, trabalha para formar um Núcleo de Estudos sobre cannabis medicinal.
Passo a passo, como na produção do óleo, o ensino vai se transformando. E, com ele, a possibilidade de que a cannabis medicinal deixe de ser tabu e se torne, definitivamente, parte da ciência, da formação e do cuidado em saúde.