Um estudo experimental da Universidade de Brasília investigou o uso de óleo enriquecido com canabidiol (CBD) em cavalos, avaliando sua segurança em uma dosagem de 10 mg/kg por sete dias consecutivos. A pesquisa foi conduzida com o objetivo de verificar possíveis efeitos colaterais, como sedação, ataxia e alterações nos parâmetros de saúde e comportamento dos equinos.

A planta Cannabis sativa tem sido utilizada há séculos para fins medicinais. O canabidiol (CBD) é um composto não psicoativo com potencial terapêutico, especialmente em condições de dor neuropática, inflamação e ansiedade.

Na medicina veterinária, os estudos sobre os efeitos do CBD ainda estão em estágio inicial. Entretanto, há indícios promissores de que o composto possa ser uma alternativa aos medicamentos tradicionais, como os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), que apresentam efeitos adversos significativos, incluindo problemas gastrointestinais e renais.

Metodologia

O estudo foi realizado com um modelo experimental, utilizando um cavalo macho castrado, clinicamente saudável, de 340 kg. O protocolo incluiu a administração oral do óleo de CBD em uma dose de 10 mg/kg por sete dias consecutivos. Para melhorar a palatabilidade, o composto foi diluído em mel antes da administração.

Avaliações realizadas:

• Exames clínicos e laboratoriais: Incluíram hemogramas, testes bioquímicos e exames físicos completos.
   
• Comportamento: Foi analisado por meio de um etograma detalhado.
   
• Sedção: Utilizou-se três escalas específicas (“Sedation Grading Scale”, “FaceSed” e “EquiSed”) para mensurar os níveis de tranquilização.
   

• Ataxia: Avaliada com base na escala de Mayhew, que considera déficits neurológicos de marcha.

   

Resultados

Parâmetros clínicos: Não houve alterações significativas nos hemogramas ou bioquímicos, sugerindo que o óleo de CBD não causou impacto prejudicial à saúde do cavalo.

Comportamento: O aumento na motilidade intestinal foi o único impacto notado, evidenciado por um maior número de defecações, mas sem sinais de estresse ou desconforto.

Sedação: Pequenos níveis de tranquilização foram registrados em alguns dias do experimento, mas sem sedção profunda. As escalas indicaram níveis seguros.

Ataxia: Leves déficits neurológicos foram observados em três dias, classificados como grau 1 na escala de Mayhew, sem impactar a mobilidade ou função do animal.

Discussão

O estudo foi pioneiro em testar uma dose relativamente alta de CBD (10 mg/kg) em cavalos. Apesar disso, os resultados não apontaram efeitos adversos graves. A segurança da dose utilizada foi comprovada dentro do período testado, mas os pesquisadores destacam a necessidade de ampliar as amostras e os períodos de teste para avaliar a segurança em animais de diferentes idades, raças e condições de saúde.

Pesquisas futuras devem incluir exames mais avançados, como ultrassonografia hepática e análise de amônia no sangue, para complementar os resultados. 

Conclusões e Implicações

O óleo de CBD na dose testada foi considerado seguro para equinos, sendo bem tolerado e sem efeitos colaterais significativos. Regulamentações internacionais, como as da Federação Equestre Internacional (FEI), precisam ser consideradas antes de utilizar o CBD em cavalos de competição.

Este estudo abre caminho para a aplicação do CBD como alternativa terapêutica em equinos, mas reforça a importância de validação científica contínua. Mais pesquisas com um maior número de animais e diferentes condições são essenciais para confirmar sua segurança e eficácia. Clique aqui para ler o estudo.