Estudo revela ligação entre o hábito de fumar e complicações graves de Covid-19
De acordo com pesquisa, entre os usuários de maconha 80% apresentaram mais chances de serem hospitalizados em relação àqueles que não fazem uso da planta
Publicada em 08/07/2024

A Covid-19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global | Foto: Canva
Um novo estudo realizado pela Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, concluiu que pessoas que fumam têm quase o dobro de risco de necessitar de hospitalização e cuidados intensivos ao contrair Covid-19. A pesquisa, publicada na revista científica JAMA Network Open, analisou dados de mais de 72.000 pacientes atendidos por Covid-19 em hospitais e clínicas na região centro-oeste dos Estados Unidos, entre 1 de fevereiro de 2020 e 31 de janeiro de 2022.
Os cientistas constataram que indivíduos que relataram o hábito de fumar no ano anterior à infecção pelo vírus apresentaram um risco significativamente maior de hospitalização e admissão na unidade de terapia intensiva (UTI). Especificamente, aqueles que utilizaram maconha tinham 80% mais chances de serem hospitalizadas e 27% mais chances de serem admitidas na UTI em comparação com as que não consomem.
O estudo destaca que o uso de cannabis não é inofensivo no contexto do coronavírus, contrariando algumas sugestões anteriores de que a substância poderia ter efeitos protetores contra infecções virais. Os profissionais consideraram várias características dos pacientes, incluindo idade, sexo, raça e condições médicas preexistentes, como diabetes e doenças cardíacas, além do uso de outras substâncias, como tabaco e álcool.
O Dr. Pedro Pierro, neurocirurgião e diretor científico da Sechat, esclarece um ponto crucial sobre a pesquisa: "É importante destacar que o estudo se refere ao uso adulto da planta, ou seja, ao consumo fumado de maconha. Não estamos falando aqui dos medicamentos à base de cannabis, que são utilizados para fins medicinais sob orientação médica." Ele enfatiza que a forma de consumo e a finalidade do uso são fatores determinantes quando se discute os efeitos dos derivados da planta no corpo humano.
Uma hipótese levantada pelos pesquisadores é que a inalação da fumaça de cannabis possa causar danos aos tecidos pulmonares, tornando-os mais vulneráveis a infecções, algo semelhante ao efeito do tabaco. Além disso, a cannabis é conhecida por suprimir o sistema imunológico, o que poderia comprometer a capacidade do corpo de combater infecções virais.
A pesquisa sugere que o uso de cannabis deve ser considerado um fator de risco para complicações graves de Covid-19 e que mais estudos são necessários para compreender completamente os efeitos da cannabis na saúde humana. No entanto, é fundamental diferenciar o consumo recreativo do uso medicinal, que continua a oferecer benefícios comprovados para diversas condições de saúde.
Além disso, o baixista e um dos fundadores da banda Natiruts compartilhou recentemente sua decisão de parar de fumar maconha e passar a utilizar somente o óleo de cannabis. Ele cita motivos de saúde e bem-estar como os principais fatores para essa mudança.
Este estudo reforça a importância de que a sociedade, ao discutir os benefícios e malefícios da planta, esteja informada por evidências científicas robustas, destacando a necessidade de uma abordagem equilibrada e informada sobre de qualquer substância que possa comprometer a saúde.