Desde abril de 2025, a Holanda vive a fase final de um projeto piloto, que envolve cerca de 80 coffeeshops em dez municípios. Pela primeira vez, o país busca estabelecer uma cadeia de suprimentos de cannabis totalmente legal e regulada — do cultivo à venda.

Esse cenário, marcado pela linha tênue entre legalidade e ilegalidade é o pano de fundo da série Império de Amsterdã, lançada na Netflix na quinta-feira (30). A série acompanha Jack van Doorn carismático fundador da rede de coffeeshops “The Jackal”. Ao longo da carreira, Jack enfrentou rivais, criminosos e brechas na lei para construir seu império — sem perceber que a maior ameaça estava dentro de casa.

Depois de descobrir uma traição, Betty (Famke Janssen), uma ex-diva e sua ex-parceira, elabora um plano de vingança para tomar aquilo que Jack mais valoriza: seu império. Com sete episódios, a primeira temporada entrega uma narrativa de amor, ódio e ambição.

A inspiração da vida real por trás de Império de Amsterdã

A série utiliza os dramas familiares para abordar a complexa política de drogas da Holanda.

Desde os anos 1970, o país adota a política de tolerância (gedoogbeleid), que permite a venda e o consumo pessoal de cannabis em coffeeshops licenciados. No entanto, essa política criou uma contradição: a venda ao consumidor é tolerada, enquanto o cultivo e o fornecimento permanecem ilegais.

Atualmente, existem cerca de 570 coffeeshops em 102 cidades dos Países Baixos. Apesar de serem símbolos culturais, esses estabelecimentos funcionam em um sistema frágil e repleto de incertezas legais.

Para enfrentar esse impasse o governo lançou em 2022 o “Experimento Legal de Cannabis”. A proposta cria um circuito fechado, no qual produtores licenciados podem fornecer cannabis de forma legal e controlada aos coffeeshops selecionados.

O objetivo é combater o mercado cinzento, garantir transparência, fortalecer a segurança e proteger a saúde pública. Cidades como Tilburg, Maastricht e Groningen já participam desta fase final do projeto.