Operação policial no interior de São Paulo apreende medicamentos e insumos da associação Santa Gaia
Ação deixa mais de 9 mil pacientes, incluindo crianças e idosos, em risco de interromper tratamentos à base de Cannabis medicinal
Publicada em 16/10/2025

Cultivadores da Santa Gaia durante etapas da colheita da flor de cannabis. Imagem: Reprodução Instagram (setembro de 2025).
Uma operação de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira (16) recolheu todo o material de cultivo e laboratório da Associação Santa Gaia, que fornece tratamento à base de Cannabis medicinal para mais de 9 mil pacientes. A ação coloca milhares de pessoas em risco, segundo a entidade.
A associação afirma que a apreensão inviabiliza a continuidade dos tratamentos de pacientes com doenças graves, como crianças e idosos, que agora enfrentam a interrupção de seus cuidados.
O Advogado da entidade, Antônio Pinto, confirmou que um dos fundadores está sob custódia e passará por audiência amanhã. Segundo Pinto, a ação foi um grande "engano". "Não sabiam [Polícia Civil], das atividades da associação", explicou.
Em comunicado oficial, a Santa Gaia informou que diretores, colaboradores e pacientes foram surpreendidos em sua sede na cidade de Lins (SP) pelo mandado emitido pela Justiça Estadual. A entidade classificou a ação como um "grave descompasso de informações" entre as justiças.
A organização alega não haver qualquer determinação judicial que a obrigue a interromper suas atividades. A Santa Gaia destaca que é uma associação civil legalmente constituída e possui dois processos que garantem sua atuação: um habeas corpus e uma ação cível no TRF1.
A associação ressaltou o impacto de seu trabalho, que atende pacientes com epilepsia, Parkinson, Alzheimer, câncer e dores crônicas. Segundo a nota, 170 famílias recebem a medicação gratuitamente.
Além disso, 97 pacientes são atendidos sem custo pela clínica social da instituição, que emprega um total de 53 colaboradores.
Diante da apreensão, a Santa Gaia fez um apelo à união de pacientes, médicos e apoiadores da Cannabis medicinal no Brasil. O objetivo é "exigir respeito às associações que salvam vidas e atuam dentro da legalidade".
O Portal Sechat entrou em contato com a Polícia Civil do Estado de São Paulo, mas não obteve resposta até o momento da publicação desta notícia.