Canabinol (CBN): Conheça o "canabinoide do sono" e seu potencial terapêutico

Embora menos famoso que o CBD e o THC, o canabinol ganha destaque por suas propriedades sedativas e aplicações medicinais promissoras no tratamento da insônia e inflamações

Publicada em 19/12/2025

Canabinol (CBN): Conheça o "canabinoide do sono" e seu potencial terapêutico

Popularmente conhecido como o "canabinoide da maconha velha", o canabinol (CBN) é o resultado natural da degradação do tetraidrocanabinol (THC) ao longo do tempo. Imagem: Canva Pro

O canabinol (CBN) tem despertado a atenção de pesquisadores e pacientes por seu potencial terapêutico, especialmente como indutor do sono. Popularmente conhecido como o "canabinoide da maconha velha", ele é o resultado natural da degradação do tetraidrocanabinol (THC) ao longo do tempo.

Quando a planta é exposta ao oxigênio e ao calor, o THC se oxida e se converte em canabinol. Esse processo altera significativamente as propriedades químicas e os efeitos do composto original, gerando novas possibilidades medicinais.

 

Características e efeitos do canabinol


Diferente de seu precursor, o canabinol é apenas levemente psicoativo. Pesquisas indicam que sua potência gira em torno de um quarto da do THC, o que o torna uma opção interessante para quem busca alívio sem efeitos embriagantes intensos.

Em contrapartida, o composto destaca-se por suas qualidades sedativas. Ele é frequentemente encontrado em maior concentração em flores de cannabis envelhecidas ou que foram armazenadas de forma inadequada, acelerando a conversão química.

 

O mecanismo de ação do canabinol


O canabinol interage com o sistema endocanabinoide de maneira distinta, sendo considerado um agonista parcial fraco do receptor CB1. Ele produz cerca de 10% da atividade do THC, mas sua eficácia parece depender da sinergia com outros componentes da planta.

Estudos sugerem que o composto atua melhor através do "efeito comitiva". Uma pesquisa de 1975 demonstrou que o canabinol potencializa os efeitos sedativos do THC em roedores, embora isoladamente não cause sedação significativa em humanos.

"É a combinação desses diferentes compostos que pode ser responsável pela sedação, provavelmente não o canabinoide em si", apontam os pesquisadores. A teoria sugere que terpenos presentes na planta envelhecida também desempenham um papel crucial nesse processo.

 

Aplicações medicinais do canabinol em estudo


Embora menos estudado que o CBD e o THC, o canabinol apresenta uma lista promissora de usos terapêuticos. As investigações preliminares apontam para diversas áreas de atuação na saúde humana:

- Insônia: Uma análise da Steep Hill Labs sugeriu que 5 mg de CBN poderiam ser tão eficazes quanto 10 mg de diazepam, um sedativo farmacêutico comum;

- Antibiótico: O composto mostrou eficácia contra bactérias resistentes, como a MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina);

- Analgesia: O canabinol demonstrou potencial no alívio da dor através de mecanismos alternativos, liberando peptídeos de nervos sensoriais;

- Crescimento Ósseo: Pesquisas indicam que ele pode estimular células da medula óssea, auxiliando na cicatrização de fraturas;

- Apetite e Glaucoma: Estudos em ratos observaram aumento do apetite, além de propriedades anti-inflamatórias e capacidade de reduzir a pressão intraocular.

 

História e disponibilidade do canabinol


Apesar de ser considerado um canabinoide "secundário" hoje, o canabinol tem relevância histórica. Ele foi o primeiro fitocanabinoide isolado, ainda em 1896, e até a década de 1960 acreditava-se erroneamente que ele era o principal responsável pelos efeitos da planta.

Atualmente, produtos específicos de canabinol, como óleos e cápsulas, ainda são raros no mercado. A alternativa mais acessível para pacientes tem sido o uso de flores de cannabis envelhecidas ou a colheita tardia, feita entre 7 a 10 dias após o ponto ideal, favorecendo a conversão natural.

 

Com informações de El Planteo