Partido de centro-direita Forza Italia apoia indústria do cânhamo contra restrições da extrema-direita de Meloni
Comissão europeia investigará legalidade das medidas restritivas
Publicada em 12/03/2025

A indústria italiana do cânhamo recebeu um apoio inesperado do partido de centro-direita Forza Italia (Força Itália), fortalecendo sua posição contra uma ameaça existencial imposta pelo governo de Giorgia Meloni, que é do partido de extrema direita Fratelli d'Italia (Irmãos de Itália) e cujo lema é "Deus, pátria e família". Conforme o jornal Business of Cannabis, a Comissão Europeia (CE) anunciou que abrirá uma investigação sobre a legalidade das medidas propostas, que podem impactar milhares de negócios e empregos no setor.
A proposta de emenda ao Projeto de Lei de Segurança, aprovada pelas comissões conjuntas de Assuntos Constitucionais e Justiça da Câmara, pretende classificar a cannabis florida como um narcótico, independentemente do teor de THC. Se aprovada, a medida pode levar ao fechamento de 3.000 empresas e à perda de 15.000 empregos, gerando forte resistência por parte de associações do setor.
Reações políticas e jurídicas
O apoio da Forza Italia à causa gerou divisões dentro do governo. Flavio Tosi, membro do partido e ex-prefeito de Verona, criticou publicamente a proposta, classificando-a como "antiliberal" e contrária ao princípio europeu de livre concorrência. Segundo Tosi, a repressão ao setor não impediria o acesso às inflorescências de baixo teor de THC, mas apenas deslocaria o mercado para a internet.
Além da pressão política, esforços jurídicos também estão em andamento para reverter as restrições. O Conselho de Estado italiano questionou a legitimidade dos recursos do governo contra uma decisão do Tribunal Administrativo Regional (TAR), que anulou uma tentativa anterior de classificar o cânhamo como narcótico. Os juízes concederam 30 dias para apresentação de novas provas e marcaram uma audiência para 2 de outubro de 2025.
Implicações para o setor
A decisão do Conselho de Estado mantém temporariamente a anulação das restrições, permitindo que os comerciantes continuem suas operações sem interferências. No entanto, o futuro da indústria italiana do cânhamo ainda é incerto, dependendo tanto da decisão final da Comissão Europeia quanto da evolução dos processos judiciais.
A importância da investigação conduzida pelo Parlamento Europeu reforça a necessidade de um debate mais aprofundado sobre o tema. Especialistas apontam que qualquer tentativa de proibição do cânhamo industrial deve ser respaldada por evidências científicas que comprovem seu potencial intoxicante, argumento que até agora favorece o setor.
Caso a CE considere as restrições italianas incompatíveis com as diretrizes europeias, o governo de Meloni poderá enfrentar sanções ou ser obrigado a modificar sua legislação. Isso fortaleceria ainda mais a posição da indústria do cânhamo, garantindo a continuidade das atividades e a preservação dos empregos envolvidos.