IPT investe em novo laboratório e mira análises de flores e extratos
Expansão do instituto no setor, no entanto, depende de novas autorizações da Anvisa para o controle de qualidade de matérias-primas vegetais
Publicada em 27/10/2025

IPT busca pesquisa com flores, extratos diversos e produtos de uso tópico, como cremes e pomadas.
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) planeja ampliar suas análises laboratoriais sobre cannabis medicinal. A meta é validar métodos não apenas para óleos, mas também para flores, extratos diversos e produtos de uso tópico, como cremes e pomadas.
No entanto, essa expansão enfrenta entraves regulatórios. Segundo Amanda Marcante, pesquisadora do IPT, o avanço está condicionado a novas autorizações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "há planos para expandir as análises para outros tipos de produtos, como flores, extratos e produtos de uso tópico", detalha Marcante.
"A ampliação está atrelada ao credenciamento na Anvisa para atuarmos no controle de qualidade e sua autorização para manipulação desses produtos, principalmente matéria-prima vegetal. Estamos atuando para ser um laboratório credenciado e autorizado ", completa a pesquisadora.

Para se preparar para estes e outros desafios futuros em saúde, o IPT inaugurou em 13 de outubro um novo laboratório do Núcleo de Tecnologias Avançadas para Bem-Estar e Saúde Aplicados às Ciências da Vida (Nutabes).
O moderno complexo de 1.650 m² na Cidade Universitária, que custou R$ 16 milhões, fornecerá a infraestrutura de ponta necessária. Esse desenvolvimento analítico e controle de qualidade será exigido por produtos mais complexos, como as flores.
Controle de qualidade do óleo de Cannabis

Enquanto aguarda as novas autorizações, o IPT já executa um trabalho relevante na área. A pesquisadora Helena Gomes esclarece que o instituto já possui uma autorização especial de pesquisa da Anvisa, focada nos produtos atualmente mais comuns no mercado.
"Neste momento, o foco está voltado às análises laboratoriais do extrato de óleo de Cannabis, abrangendo controle de qualidade, caracterização de compostos e estudos de padronização."
Esse trabalho atual já utiliza técnicas avançadas, como cromatografia a gás e líquida, visando quantificar canabinoides e terpenos, compostos que influenciam os efeitos terapêuticos.

Para as pesquisadoras, a atuação do IPT, tanto a atual quanto a planejada, é crucial para estabelecer um mercado nacional seguro. Helena Gomes destaca a tradição do instituto em metrologia como um fator decisivo para criar padrões de referência no país.
"Pretendemos contribuir para a consolidação de normas técnicas, protocolos analíticos e referências de qualidade voltadas à Cannabis medicinal, atuando como elo entre pesquisa científica, setor produtivo e órgãos reguladores", afirma.
Segundo ela, a padronização é o caminho para garantir a proteção do paciente e, ao mesmo tempo, fortalecer a indústria nacional.
"A consolidação de metodologias analíticas robustas garante segurança ao paciente e, ao mesmo tempo, aumenta a competitividade das empresas brasileiras. Essa combinação estimula a inovação tecnológica e coloca o Brasil em posição de destaque na agenda global da cannabis medicinal", conclui Helena Gomes.






