Luis Carlos Valois: Guerra contra as drogas incentiva o preconceito e a indústria da proibição

Juiz disse, ainda, que a proibição da cannabis só tem causado mal, aumentando o preconceito, a criminalidade e o comércio ilegal no Brasil

Publicada em 27/03/2023

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A busca pela terapia canabinoide só cresce no país e no mundo pelos já conhecidos benefícios na redução de dores crônicas e de inflamações. Mas, falar de cannabis no Brasil ainda causa polêmica. Embora existam leis municipais e estaduais que já autorizam o uso da planta no Sistema Único de Saúde (SUS), a falta de regulamentação aumenta o preconceito e também a criminalidade.

É o que reforça o juiz Luis Carlos Valois, titular da Vara de Execuções Penais do Amazonas, palestrante confirmado para o Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal 2023. Ele avalia que o Brasil está  muito atrasado quando comparado  ao resto do mundo, por causa da falta de conhecimento.

"A proibição foi feita sem nenhum estudo"

Luís Carlos Valois, Juiz

“A proibição foi feita sem nenhum estudo. Eu vejo a regulamentação da cannabis medicinal como um primeiro passo, principalmente, para combater o preconceito. Esse preconceito que nos impede de reconhecer a cannabis como uma planta pura e simples, um remédio. A proibição só tem causado mal. A regulamentação é, ainda, um passo para parar de se matar pessoas, não adianta discutir só a questão medicinal, também temos que descriminalizar a planta como um todo”, diz. 

O Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal será realizado nos dias 4 e 5 de maio, no Expo Center Norte, em São Paulo. Trata-se do principal congresso da América Latina sobre os avanços do uso medicinal e industrial da cannabis. 

A lei de drogas 11.343/2006 proíbe a plantação de cannabis, para a produção da maconha, liberada apenas com autorização judicial para uso medicinal. Um percurso longo para quem precisa dessa terapia e, com a falta de uma regulamentação, além do preconceito, a criminalidade cria forças. 

“Pessoas morrem de bala perdida, a proibição causa corrupção no sistema policial e judicial, escoamento  de dinheiro e o estado  perde muito com tudo isso. Quando você começa a guerra contra as drogas você incentiva o preconceito e obviamente se forma uma indústria da proibição, uma indústria da guerra, onde circula dinheiro no comércio ilegal”, finaliza Valois.