LSD em altas doses pode ajudar quem convive com a depressão
Novo estudo da Universidade de Basileia resgata uma pergunta antiga com a delicadeza de quem oferece abrigo: e se a cura estiver na coragem de mergulhar fundo?
Publicada em 25/06/2025

Altas doses de LSD mostram alívio duradouro da depressão | CanvaPro
A depressão, essa dor silenciosa que afeta milhões, segue desafiando a medicina moderna. Remédios convencionais, terapias tradicionais, tentativas e recaídas. Mas a ciência, inquieta e incansável, continua buscando novas formas de iluminar esse túnel. Um novo estudo conduzido na Suíça traz uma luz diferente e psicodélica.
Pesquisadores da Universidade de Basileia investigaram o uso do LSD, aquela substância tantas vezes associada ao imaginário das décadas passadas, como uma possibilidade real e segura de tratamento para pessoas com depressão moderada a grave. E os resultados não apenas surpreendem: comovem.
Quando o mergulho é profundo, a transformação também é
Os participantes foram divididos em dois grupos: um recebeu doses mais altas da substância (100 μg e 200 μg), enquanto o outro recebeu doses consideradas baixas (25 μg). O acompanhamento durou até 12 semanas após a última sessão, e o que se viu foi algo promissor: quem mergulhou fundo nas doses maiores, saiu mais leve.
A melhora dos sintomas depressivos foi mais significativa entre aqueles que tomaram as doses altas em conjunto com a chamada "terapia assistida por psicodélicos", que é feita em ambiente controlado e com acompanhamento profissional. O estudo destacou, inclusive, a segurança do LSD nesse contexto.
A terapia que escuta o que o corpo não sabe dizer
“Os pontos fortes deste estudo incluem uma amostra clinicamente representativa”, afirmaram os autores, lembrando que o grupo avaliado tinha histórico de doenças, comorbidades e diferentes tipos de tratamento anteriores. Ou seja, pacientes reais, como tantos que hoje buscam alívio.
E por mais que o LSD ainda esteja cercado de estigmas, os dados mostram que ele pode ser um aliado valioso. O efeito da substância, mais longo que o da psilocibina, por exemplo, exige sessões mais extensas, mas pode também oferecer resultados mais duradouros.
Um passo tímido rumo ao futuro da medicina
Ainda não é a revolução definitiva. Mas é um passo, e passos assim importam, principalmente para quem está parado demais no mesmo lugar. O estudo é considerado preliminar, mas abre caminho para um ensaio clínico de fase 3, com mais pacientes e validação internacional.
Tanto é que a FDA (agência reguladora dos EUA) já reconheceu o LSD como “terapia inovadora” para tratar o transtorno de ansiedade generalizada. Esse selo tem como objetivo acelerar pesquisas e desenvolver terapias para condições que ainda não encontram resposta nos tratamentos disponíveis.
Corações humanos (e até caninos) que respondem ao cuidado
Além dos humanos, há relatos que ampliam ainda mais a curiosidade da ciência: um cachorro tratado com LSD para ansiedade de separação apresentou melhora significativa, sem efeitos adversos. Pode parecer improvável, mas mostra o quanto há para se aprender, inclusive com os seres que sentem sem precisar nomear.
Outro estudo mostrou que a combinação de LSD com doses leves de MDMA pode suavizar a experiência psicodélica, destacando emoções positivas e reduzindo o desconforto em pacientes mais sensíveis.
Com informações de Marijuana Moment.
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