Estudo com LSD em cães com autismo revela sincronia cerebral inédita entre espécies
Pesquisa explora novas possibilidades de tratamento para autismo a partir da conexão cerebral entre cães e humanos
Publicada em 24/09/2024
Alguns veterinários acreditam que os cães podem exibir comportamentos que se assemelham aos sintomas do autismo, como dificuldade de interação social, comportamentos repetitivos e sensibilidade a estímulos sensoriais | Imagem: Canva
Um estudo inovador, publicado na revista Advanced Science, investigou como a sincronização das ondas cerebrais entre cães com autismo e seus donos funcionam. Por meio de uma abordagem ousada, utilizando o LSD como ferramenta para estimular a conexão social entre as espécies, a pesquisa demonstrou pela primeira vez que as interações podem gerar uma sincronia cerebral real, algo até então observado somente entre humanos.
A pesquisa foi conduzida com 10 beagles portadores de uma mutação genética associada ao autismo, conhecida como Shank3, e seus tutores humanos. Os participantes, humanos e cães, foram equipados com bonés de eletroencefalograma (EEG) para monitorar as atividades cerebrais durante interações simples, como olhares e carícias. Além disso, os cães receberam uma dose controlada de LSD, administrada intramuscularmente (7,5 microgramas por quilo de peso), enquanto a solução salina foi utilizada como controle.
Os resultados foram impressionantes. As interações entre humanos e seus cães, como o contato visual e físico, resultaram em uma sincronia clara das ondas cerebrais, especialmente nas áreas do cérebro ligadas à atenção e ao comportamento social. Essa descoberta demonstrou que o fenômeno do “acoplamento da atividade cerebral” ocorre não só entre humanos, mas também entre diferentes espécies, quando envolvidas em interações sociais.
Entretanto, o estudo revelou que essa sincronia não aconteceu com todos os cães. Para aprofundar a investigação, os cientistas introduziram o uso do LSD. Após a administração da substância, os cães exibiram uma melhora significativa na sincronização cerebral com seus donos e demonstraram maior atenção conjunta, um comportamento essencial para interação social.
De acordo com o Dr. Yong Q. Zhang, um dos principais autores do estudo, os resultados sugerem novos caminhos para o tratamento de condições neurológicas. "A ausência de sincronização cerebral entre espécies pode servir como um biomarcador para o autismo", explicou. Ele também destacou o potencial terapêutico do LSD ou de seus derivados na melhora dos sintomas sociais do transtorno, abrindo uma nova perspectiva para o tratamento da condição tanto em humanos quanto em animais.