Mercado de cannabis medicinal na Austrália cresce 91% em dois anos

Relatório aponta vendas de US$ 448 milhões em 2023 e 2,87 milhões de unidades comercializadas no primeiro semestre de 2024.

Publicada em 29/11/2024

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Imagem: Canva Pro

O relatório "Cannabis in Australia 2024", divulgado pelo Penington Institute, revela um cenário complexo em relação ao uso medicinal e recreativo da cannabis na Austrália. O estudo aponta que, embora a demanda e o mercado de produtos medicinais cresça rapidamente, o sistema regulatório enfrenta desafios como altos custos, falta de informações entre os médicos e estigma.

 

Principais tendências do mercado medicinal

 

o mercado de cannabis medicinal australiano continua em expansão. O relatório mostra que as vendas de produtos à base de cannabis cresceram significativamente nos últimos anos. Em 2022, o total de vendas foi de US$ 234 milhões, número que saltou para US$ 448 milhões em 2023, e já atingiu US$ 402 milhões apenas no primeiro semestre de 2024.

Além disso, houve um aumento expressivo nas unidades de produtos vendidos. Nos primeiros seis meses de 2024, foram comercializadas 2,87 milhões de unidades, superando os 1,68 milhões vendidas no ultimo semestre de 2023.

 

Desafios do mercado

 

No entanto, o crescimento do mercado é limitado por várias barreiras. Embora o número de autorizações médicas tenha ultrapassado 393 mil no primeiro semestre de 2024, os altos preços dos produtos e a dificuldade de encontrar médicos prescritores impedem que a cannabis medicinal seja democratizada, principalmente entre comunidades vulneráveis.

Outro ponto destacado no relatório é a dependência da Austrália em relação aos produtos importados. O Canadá continua sendo o principal fornecedor, já que a maioria dos produtos de cannabis medicinal não está incluída no Registro Australiano de Produtos Terapêuticos, com exceção de dois produtos. Desde 2016, foram criados esquemas de acesso regulamentados, como o Prescritor Autorizado (AP), que permite que os médicos prescrevam categorias específicas de produtos de cannabis medicinal sem a necessidade de aprovações individuais para cada paciente.

O relatório observou que há informações limitadas disponíveis sobre a idade, o gênero e as condições do paciente para as quais a cannabis medicinal foi aprovada sob o esquema AP.

 


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Uso recreativo e mercado ilícito

 

O consumo recreativo de cannabis também permanece elevado, com mais de 11,6% dos australianos relatando uso recente. Apesar dos investimentos bilionários em medidas repressivas, o mercado ilícito ainda movimenta cerca de 5 bilhões de dólares australianos por ano, fortalecendo redes criminosas e expondo os consumidores a produtos sem controle de qualidade.

 

Recomendações para o futuro

 

O relatório defende a criação de um modelo regulatório para o uso adulto da cannabis, inspirado em experiências internacionais, como Canadá e alguns estados dos Estados Unidos. Também propõe medidas mais rigorosas para garantir a segurança e a ética na prescrição de produtos medicinais, priorizando o bem-estar dos pacientes e eliminando conflitos de interesse no setor.