Nova fórmula com CBD reverte sintomas depressivos e danos à memória, segundo estudo pré-clínico

Novo composto à base de canabidiol mostra efeitos antidepressivos comparáveis à sertralina e melhora da memória em estudo com animais

Publicada em 10/07/2025

Nova fórmula com CBD reverte sintomas depressivos e danos à memória em estudo pré-clínico

Composto com canabidiol se destaca no combate à depressão e supera sertralina na cognição

Uma farmacêutica norte-americana acaba de anunciar resultados animadores sobre o ART12.11, um cocristal de canabidiol (CBD) com tetrametilpirazina (TMP), apresentado durante o Simpósio da International Cannabinoid Research Society (ICRS), em Bloomington, nos Estados Unidos.

A inovação vai além do alívio dos sintomas depressivos. Em testes com animais expostos ao estresse crônico, o ART12.11 não apenas se mostrou tão eficaz quanto a sertralina (o famoso Zoloft), como ainda superou o antidepressivo tradicional na restauração da memória de curto prazo e espacial, áreas que seguem desafiadoras no tratamento de transtornos depressivos.


Dupla ação: humor e memória


“A capacidade de sentir prazer e motivação social com o ART12.11 foi comparável à sertralina, mas o que chamou nossa atenção foi o ganho cognitivo observado”, explicou Matt Jones, pesquisador da Universidade de Western Ontario e responsável pela apresentação do estudo. “É raro observar um composto com efeitos tão completos num modelo de depressão induzida por estresse.”

Em 28 dias de tratamento com o ART12.11, os animais voltaram a demonstrar comportamentos hedônicos, como a preferência pela sacarose (indicador do prazer) e a busca por interação social, dois marcadores clássicos da depressão. Mas o diferencial mais empolgante veio na capacidade de reverter déficits de memória, algo que o ISRS tradicional testado no estudo não conseguiu oferecer.


Um passo promissor no universo dos antidepressivos


Ainda em fase pré-clínica, o ART12.11 pertence a uma nova geração de compostos que combinam ativos com propriedades complementares. Ao unir o CBD, já conhecido por seu perfil ansiolítico e neuroprotetor, com a tetrametilpirazina (substância com efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios isolada da medicina tradicional chinesa), a Artelo criou um composto com potencial para redefinir os padrões do tratamento da depressão.

Gregory D. Gorgas, CEO da farmacêutica Artelo Biosciences, responsável pela pesquisa, acredita que a inovação vai além da eficácia. “Esse composto pode preencher uma lacuna importante para pacientes que, além da tristeza profunda, enfrentam dificuldades cognitivas no cotidiano. Estamos otimistas com o que ele poderá representar”.


O que torna o ART12.11 especial?


De acordo com os dados apresentados, o cocristal ART12.11 oferece melhor biodisponibilidade e perfil farmacocinético do que o próprio CBD isolado ou mesmo medicamentos à base da molécula, como o Epidiolex. Em outras palavras, o corpo consegue absorver e utilizar o remédio de forma mais eficiente, aumentando as chances de resposta clínica positiva e com menos efeitos colaterais.

A farmacêutica acredita que esse poderá ser um marco terapêutico com respaldo regulatório. E mais do que um avanço técnico, o ART12.11 representa uma abertura de caminhos para tratamentos que respeitem as nuances de quem vive com depressão, incluindo os sintomas que nem sempre aparecem nas capas de jornais, como a perda da concentração e da memória.


Da bancada ao mundo


O caminho entre a bancada de pesquisa e a prateleira das farmácias é longo, mas os passos estão sendo dados com firmeza. A apresentação no ICRS, um dos fóruns mais respeitados da ciência canabinoide, é uma chancela de que o ART12.11 merece atenção não só dos laboratórios, mas também das agências regulatórias, médicos e, principalmente, de quem convive com transtornos de humor e espera por terapias mais completas.

Enquanto a serotonina segue sendo a molécula-símbolo dos antidepressivos convencionais, talvez seja a hora de também olharmos com mais carinho para os lipídios bioativos, como os canabinoides, e seu papel na regulação emocional e cognitiva. Afinal, saúde mental não é só sentir menos dor, mas também voltar a sentir prazer.