Novo estudo mostra baixa incidência de psicose entre usuários de cannabis
Análise abrangente com mais de 200 mil participantes desafia crenças populares sobre a relação entre maconha e distúrbios psicológicos
Publicada em 12/06/2024

Uma recente pesquisa de larga escala, envolvendo mais de 200 mil pessoas, está mudando a forma como entendemos a relação entre o uso de cannabis e a psicose. Publicado na revista Nature Mental Health, a análise é uma das maiores já realizadas sobre o tema, trazendo luz as informações que podem tranquilizar muitos usuários de cannabis e profissionais de saúde.
Ao longo dos anos, a ligação entre os derivados da planta e o transtorno mental tem sido objeto de intenso debate, com estudos anteriores indicando uma ampla gama de incidências de psicose, de 1% a alarmantes 70%, em usuários frequentes de maconha. No entanto, os dados desta nova análise sugerem que a ocorrência de episódios psicóticos entre usuários ocasionais é significativamente menor, com apenas cerca de 0,5% dos participantes relatando tais experiências.
A pesquisa aponta que fatores genéticos, como predisposição à esquizofrenia, podem desempenhar um papel importante em determinar por que alguns usuários desenvolvem psicose enquanto outros não. Além disso, embora a cannabis de alta potência tenha sido anteriormente associada a um aumento no risco de psicose, esta metanálise específica não encontrou uma correlação direta entre o consumo frequente ou precoce e episódios psicóticos agudos.
No entanto, o estudo não descarta completamente os riscos. Jovens adultos, mulheres e indivíduos com condições pré-existentes de saúde mental, como transtorno bipolar, continuam a ser grupos com um risco ligeiramente maior. E embora o uso ocasional de cannabis não tenha mostrado um aumento significativo no risco de psicose, o uso diário pode ainda representar um risco a longo prazo.
Oferecendo uma visão mais equilibrada sobre o impacto da cannabis na saúde mental, a pesquisa sublinha a importância de considerar fatores individuais e contextuais ao avaliar os riscos associados ao uso da substância. Com estas novas descobertas, espera-se que o debate sobre a planta e seus derivados possa avançar de forma mais informada e menos polarizada, contribuindo para políticas de saúde pública mais eficazes e uma compreensão mais profunda dos verdadeiros riscos e benefícios de seu uso.